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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Joana Florindo
Psicóloga Clínica
Desenhar é também uma forma de nos expressarmos. Com a ajuda de um lápis, de um pincel ou de um pedaço de carvão, podemos expor livremente num espaço inabitado, as nossas emoções, fantasias, desejos ou realidades. Por detrás de uma mistura solta de traços e cores, podemos expressar verdades, nada fáceis de comunicar por palavras.
De acordo com uma investigação recente, conduzida pela Universidade de Haifa e pelo Achva Academic College, Israel, e citada na edição on-line de 15 de Fevereiro de 2011 do Medical News Today, o desenho, neste caso o auto-desenho da imagem corporal, pode ser uma boa ferramenta no diagnóstico de mulheres com anorexia ou bulimia, ou que apresentem tendência para estas perturbações alimentares. E isto, porque, os resultados desta investigação revelaram que as mulheres com anorexia ou bulimia tendiam a desenhar-se com características físicas proeminentemente diferentes, quando comparadas com as que não tinham qualquer diagnóstico de perturbação alimentar ou com aquelas que apresentavam um peso considerado normal.
O estudo avaliou um total de 76 mulheres, das quais 36 estavam diagnosticadas com anorexia ou bulimia, 20 não apresentavam diagnóstico de perturbação alimentar, mas tinham excesso de peso, e 20 não tinham diagnóstico de perturbação alimentar e tinham o peso considerado normal. Cada uma delas, respondeu a dois questionários de avaliação de perturbações alimentares e desenhou a sua imagem corporal, sem qualquer orientação específica ou restrição para esse desenho.
As principais diferenças encontradas, focaram-se essencialmente em 4 aspectos do corpo, e revelaram que as mulheres com anorexia ou bulimia tendiam a desenhá-los de forma distinta, quando comparadas com todas as outras mulheres:
- Pescoço: tendência para desenharem pescoços mais largos, não conectados com o corpo, ou mesmo ausência de pescoços;
- Boca: tendência para realçarem este aspecto do rosto;
- Coxas: tendência para serem bem mais amplas;
- Pés: tendência para serem desenhados separados do resto do corpo, ou mesmo ausência de pés;
O resultados apontaram ainda para algumas diferenças entre os desenhos das mulheres com anorexia e das mulheres com bulimia. As primeiras, tenderam a apresentar desenhos sem peito, desenhos nos quais as linhas do corpo estavam menos definidas, e a esboçar imagens corporais mais pequenas, em relação ao tamanho das folhas.
Os investigadores concluíram assim, que o desenho da imagem corporal pode ser mesmo utilizado como um teste de diagnostico das perturbações do comportamento alimentar, em consequência da forte correlação encontrada entre dois testes de avaliação de perturbações alimentares e os resultados mais acentuados da sua investigação.
Ainda segundo os investigadores, face às dificuldades que as mulheres com perturbações alimentares apresentam, em falar da realidade do seu problema alimentar, mesmo para com os profissionais de saúde, a utilização de um teste de simples e não intrusivo, como o auto-retrato, pode ser uma ajuda importante quer na expressão, quer no reconhecimento desta realidade.