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O divórcio e as crianças

por oficinadepsicologia, em 25.05.11

Autora: Fátima Ferro

Psicóloga Clínica e Educacional

 

Fátima Ferro

A separação conjugal ou o divórcio para além de poderem ser experiências potencialmente angustiantes e perturbadoras para os membros do casal e respectivos filhos, implicam uma série de tomadas de decisão que podem ser críticas e que requerem um conjunto de reajustamentos pessoais e relacionais.

 

Este é um período em que os pais podem sentir o mundo a desabar sobre as suas cabeças, caracterizado por um profundo desgaste emocional, criado por múltiplas perdas, nomeadamente de investimento afectivo e material, repleto de idealizações significativas para ambos os membros.

 

Para além de tudo isto, existem também as crianças que muitas vezes são apanhadas por toda esta corrente sem conseguirem perceber o que se está a passar à sua volta criando fantasias explicativas, algumas delas carregadas de culpabilizações achando que os pais se estão a separar por sua causa.

 

E é neste turbilhão de responsabilidades, que os pais têm que ver mantidos os seus comportamentos e capacidades afectivas independentemente do seu estado psicológico. Trabalho complexo mantido muitas vezes a um peso demasiado elevado de exaustão emocional.

 

O casamento ou a união entre o casal pode terminar mas a sua funcionalidade enquanto pais e educadores não. A família deve continuar estruturada em dois lares distintos.

 

 

E por mais difícil que isto possa parecer, há etapas que devem e podem ser cumpridas garantindo momentos de reparação e reconstrução para todos.

 

A ideia é que os pais consigam criar uma parceria em que são estabelecidas regras de relação explícitas e expectativas claramente definidas para que, depois do divórcio ou separação, possam continuar a educar os seus filhos da melhor forma possível com práticas parentais eficazes e saudáveis agindo como agentes de prevenção para dificuldades futuras.

 

Para isso os filhos precisam que os pais se relacionem de uma forma construtiva, independentemente de estarem separados ou não. Eles sofrem quando estes discutem e sofrem ainda mais se se vêem envolvidos nessas mesmas discussões o que abala profundamente os seus sentimentos de segurança. E todas as crianças precisam de desenvolver esse sentido, a flexibilidade e a independência necessárias a um mundo repleto de alterações que serão rápidas e constantes.

 

Os pais podem ter deixado de gostar um do outro mas podem continuar a trabalhar em conjunto para um objectivo comum.

Para que tal aconteça pais e filhos devem comunicar uns com os outros, as crianças devem ter liberdade para poderem expressar as suas preocupações e sentimentos, caso lhes apeteça partilhar, e estes devem ser aceites pelos adultos. Os pais vão continuar a ser um casal de pais, e desta função não podem pedir o divórcio.

 

Para a preservação da estrutura, funcionalidade familiar e bem-estar das vossas crianças devem ter em conta que:

 

  1. Lhes devem dar uma explicação sobre o divórcio. Cada um dos pais pode contar as suas razões, dizer o que aconteceu, o que devem esperar, ou seja, o que vai acontecer e quando, de uma forma adequada à sua idade e à sua capacidade de entendimento. Assim elas enfrentarão com muito mais facilidade todo o processo de divórcio;
  2. Devem tranquilizar os filhos a respeito da permanência e continuidade da relação com os dois progenitores. A partida inesperada de um dos pais é sempre um choque angustiante para os filhos. O contacto entre ambos deve ser feito de forma frequente e previsível começando imediatamente após a partida de um deles, para que desta forma não seja ameaçado o vínculo existente entre a criança e cada um dos pais;
  3. Devem ser garantidos os dois lares, não sendo nenhum deles considerado de visita, onde a criança possa ter o seu quarto e as suas coisas independentemente do tempo que passa em cada um deles;
  4. Devem manter as crianças afastadas dos problemas e discussões do casal;
  5. Devem mantê-las em dois lares onde recebem amor e o carinho necessário para um desenvolvimento saudável;
  6. Ambos os progenitores têm a responsabilidade de contribuir para a educação dos seus filhos e é importante que as regras sejam claramente definidas, consistentes, e iguais nos dois lares;
  7. As crianças não devem ser utilizadas como “veículos” de transmissão de mensagens entre o casal;
  8. Os vossos filhos deverão ter a liberdade de amar ambos os pais de igual forma, sem uma imagem denegrida de um deles e sem conflitos de lealdade ou perguntas do género: “de quem é que gostas mais” ou “com quem é que gostas mais de estar”;
  9. As crianças não devem estar sujeitas a ouvir um dos pais a falar do outro, devendo ser poupadas de factos que aconteceram e só dizem respeito à intimidade do casal.

Estes conselhos poderão ser-vos  úteis para continuarem a desenvolver o vosso papel de pais com sucesso sendo pais para sempre, e para a prevenção não só de comportamentos desadaptativos como também para a prevenção do desenvolvimento de possíveis perturbações herdadas pela disfuncionalidade do casal.

publicado às 09:24



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