Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Helena Gomes
Psicóloga Clínica
Ouvimos diariamente declarações como “o desemprego está a crescer até níveis inquietantes”, “mais de 600 mil desempregados em 2011”, “a crise económica traz consigo uma crise social”, “ o aumento do desemprego tem um carácter explosivo”. O desemprego é uma das piores consequências da situação económica em que nos encontramos.
Esta situação social resulta numa vulnerabilidade e instabilidade não só de carácter financeiro, como igualmente psicológico. Como consequência, deparamo-nos com sucessivas situações de empregos ocasionais, e de precárias condições laborais, de segregação de grupos com condicionantes específicas, como a idade, de um sucessivo estar de “corda ao pescoço” vivido também por aqueles que têm os seus empregos em risco. Viver no desemprego implica não ter dinheiro, que implica não pagar as contas, que implica na diminuição de algumas actividades, na perda de noção de estruturação do seu tempo e do contacto social, aumento do sentimento de não se estar a ser útil na sociedade e, por sua vez, de esta os estar a abandonar. Que papel tenho na sociedade, e o que o futuro me reserva, quando vou conseguir ter a minha casa, o que o futuro reserva aos meus filhos/ netos, são questões e inseguranças recorrentes.
O estar desempregado não passa apenas por questões financeiras, mas as sucessivas preocupações ao nosso redor impedem-nos de olhar para o nosso interior, de nos estruturarmos a partir de dentro. Este impacto inicialmente manifesta-se pela tendência a fugir da realidade, numa negação temporária (ouvimos frases como “estou a ter umas férias”, “eles é que perdem”), a que se segue um grande entusiasmo e optimismo (“vou começar a trabalhar muito brevemente”); depois, vem um aumento do estado depressivo, (“não devo ser suficientemente bom, ninguém me chama”, “não há nada que eu possa fazer”); e a contínua desorganização do tempo, (“não sei como ocupar os meus dias”).
Confrontado com uma situação de desemprego ou precaridade laboral significativa é importante: