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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: Luís Gonçalves
Psicólogo Clínico
Nestes tempos de informação e tecnologia, cada vez mais vivemos do facebook, twitter e de outras redes sociais. Alguns estudos iniciais revelam que estas comunidades são factores preventivos da depressão ao fornecerem um conjunto de relações, ainda que virtuais, que reduzem a sensação de solidão e de desamparo que muitos milhões de pessoas sentem no dia-a-dia. São também instrumentos úteis para sabermos informação em primeira mão, usar aplicações que nos fazem rir ou aprender, participar em concursos e promoções, publicitar os nossos serviços, passar tempo a jogar online, procurar e falar com amigos ou colegas, combinar eventos ao vivo com eles ou até ler textos como este!
A questão mais complexa surge no momento em que deixamos de viver a nossa vida real para adoptarmos um modo de vida à distância. De uma forma progressiva, muitas pessoas vão-se isolando das outras e apenas têm uma relação próxima com computadores, smartphones e imensos outros gadgets. De repente, construímos uma zona de conforto de tal forma estruturada que não “precisamos” de estar ao vivo com as pessoas que nos dizem algo. Ou pura e simplesmente, não precisamos do mundo exterior. Pedia-lhe agora que pensasse comigo nestes exemplos: se precisamos de saber notícias, vemos na rede social; se precisamos de fazer compras, fazemo-lo online; se queremos falar com alguém, entramos na rede social; quando queremos dar a conhecer o nosso trabalho, entramos na rede social; se queremos gastar tempo livre, procuramos algo na rede social; se queremos contactar com outros países, pesquisamos na rede social; se queremos procurar emprego, vemos na rede; se queremos conhecer pessoas novas, vemos a rede social; e por aí adiante. No extremo, as nossas principais necessidades encontram resposta no mundo online!
Mas nós, enquanto seres humanos, precisamos de interagir com o mundo real. Até porque ganhamos “ferrugem” se não nos relacionamos frequentemente com o mundo ao vivo e a cores! É que precisamos de usar todos os nossos sentidos regularmente. Precisamos de estar em contacto directo com outros seres humanos. Precisamos de viajar e de conhecer novos sítios e costumes. Precisamos de comprar um bom livro, de assistir a uma boa peça de teatro, concerto ou filme. Precisamos de ir a um mercado e comprar vegetais frescos. Precisamos de rir e chorar com a vida que nos toca de manhã à noite. Precisamos de sentir o sol que nos aquece a alma ou a chuva que nos rejuvenesce o corpo. Precisamos de saborear aquele café tão especial, aquele vinho tão íntimo ou aquele sumo com tanta vitalidade. E podia continuar sem fim, relembre tudo aquilo que a sua vida lhe pode dar enquanto contacta com mil e uma sensações.
Concluindo, a vida virtual dá-nos muita coisa boa. Mas apenas complementa a nossa existência. Precisamos de estar em contacto com as nossas raízes e com aquilo que o ser humano mais precisa na sua essência: ser feliz, momento a momento.