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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autor: Francisco de Soure
Psicólogo Clínico
Esta é uma das perguntas que mais frequentemente ouvimos em consultório quando trabalhamos com alguém a debater-se com depressão.
É uma luta árdua, que se torna mais árdua ainda devido á profunda negatividade que encontramos em toda a gente que sofre desta perturbação. Algo que se torna particularmente difícil quando temos em conta que a maior parte das pessoas que sofrem de depressão tendem a sub-valorizar as suas experiências dolorosas por comparação com outras pessoas que, a seu ver, têm vidas bastante mais duras e difíceis. É frequente ouvir questões como “Se A, B ou C tiveram na sua vida momentos tão difíceis como um divórcio, um despedimento, a morte de alguém próximo ou uma doença prolongada, que moral tenho eu para estar assim?”. Os nossos cliente não conseguem encontrar resposta para esta questão, o que frequentemente reforça a sua percepção de si como fracos, ou falhados. Nós, psicólogos, também nos debatemos com esta questão.
Afinal de contas, o que torna determinados indivíduos mais propensos a serem afectados por depressão? O que faz com que pessoas com vidas aparentemente confortáveis deprimam e outras não? Claro está, existe um sem fim de hipóteses que na prática clínica vamos confirmando ou desmentindo. Em paralelo, continuamos a investigar em larga escala de forma a determinar, de forma inquestionável, quais os fatores que parecem tornar determinados indivíduos mais vulneráveis à depressão.
Na UCLA, na California, EUA, uma investigação recente acrescentou dados importantes à resposta a esta pergunta. Os investigadores concluíram que pessoas com experiências adversas em idades precoces (infância) têm tendência a ser menos resistentes a fatores de stress e, por conseguinte, mais vulneráveis à depressão. Particularmente se estas experiências forem experiências de perda relacional, como um divórcio dos pais, ou o afastamento de um dos pais por período prolongado. A hipótese dos autores é que estas experiências poderão resultar na aprendizagem de expectativas e crenças fortemente negativas relativamente ao mundo. Reduzindo-se o fator esperança, torna-se mais provável o desenvolvimento do desespero tão característico da depressão. Em simultâneo, os autores concluíram que experiências anteriores de depressão também tornam mais provável o desenvolvimento futuro deste quadro, visto estarem também particularmente sensíveis ao stress. Assim sendo, acrescenta-se o nosso conhecimento relativamente às causas da depressão e reforça-se algo que já sabemos: uma gestão eficaz, cuidada e inteligente do stress pode ser fator decisivo na prevenção desta perturbação.