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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Ana Magalhães
Psicóloga Clínica
Desde sempre, o Amor é a instância que comanda a vida.
Segundo Aristóteles o Amor é a força que une os quatro elementos da natureza, o fogo, a terra a água e o ar; é a força que move as coisas, as conduz e as mantém juntas.
Platão argumenta que o Amor é a falta, a insuficiência e a necessidade; é o desejo de adquirir e possuir o que não se possui, é o interesse incorporado à alma.
Freud entende o Amor como a especificação e sublimação de uma força instintiva originária, a líbido, que se tende a manifestar desde os primeiros instantes da vida humana.
Camões diz que “Amor é fogo que arde sem se ver e ferida que dói e não se sente...”
Shakespeare diz “duvida da luz dos astros, de que o sol tenha calor, duvida até da verdade, mas confia no meu amor”.
De repente uma troca de olhares e... clique.
Borboletinhas na barriga, sensação de tremores, formigueiro no corpo.
É como se de repente nos sentíssemos atingidos por um arrebatamento violento e a partir desse momento apenas pudéssemos escutar o bater acelerado do nosso coração.
Quando duas pessoas cruzam o olhar, e esse olhar é avassalador estamos perante o ponto-chave. É momento em que duas pessoas se conhecem – no limite até podendo já ser grandes amigos – e se olham de uma forma nunca antes contemplada, resultando desse olhar novos desejos e novos afectos.
Surge uma alquimia complexa que envolve hormonas sexuais e neurotransmissores, que influenciam o nosso cérebro e nos fazem passar pelos vários estados do relacionamento amoroso.
A adolescência, período de grandes transições e adaptações é normalmente a fase de vida onde surge o amor, umas vezes platónico, outras inocente, outras mais adulto.
É a fase do primeiro amor e raramente será repetível.
É a fase do tudo ou nada, do choro inconsolável, dos risos incontidos.
Não admite esperas, não admite contrariedades.
É a fase do ciúme exagerado, da eternidade e da finitude.
Os contrastes de humor próprios da adolescência, tornam o amor uma guerra, onde vale tudo menos o desamor.
O adolescente, ser inconstante, faz uma busca contínua para tentar encontrar a sua verdadeira identidade e também vive intensamente as novas experiências.
Surge a descoberta de si mesmo e do outro, e começam a desenhar-se castelos de sonho, apesar de normalmente a relação não se estender por muito tempo, já que a idade não permite longos compromissos.
Surgem os momentos de paixão e de doce irresponsabilidade.
O tempo pára e o mundo deixa de girar, pois é tempo de amar.
Por vezes este estado é mantido ao longo da vida, ou volta a ser vivido mais tarde, criando um estado de euforia e plenitude pouco comum na adultez, mas para a maioria de nós, este é um estado só possível na adolescência.
Guardam-se assim as memórias do amor adolescente na gaveta dos afectos e eternizam-se os tempos em que a ternura foi debruada com sorrisos, palavras doces e beijos longos e molhados trocados em noites de lua cheia, onde tudo era possível, onde tudo foi possível.