Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]




As amizades das crianças

por oficinadepsicologia, em 26.07.11

Autora: Fátima Ferro

Psicóloga Clínica

www.oficinadepsicologia.com

 

Queres vir comigo por este passeio das curvas da amizade onde ambos aprendemos a construir novos mundos repletos de coisas doces e coloridas como arco-íris de inverno que alegram manhãs de sol e chuva?


Fátima Ferro

Ao longo do tempo muitas das teorias do desenvolvimento social e de personalidade das crianças enfatizavam as relações pais-crianças, considerando a relação entre pares um pouco menos significativa. Mas isso mudou e ficou claro que os relacionamentos com os iguais desempenham um papel único e significativo.

 

As crianças ao longo do processo desenvolvimental vão demonstrando interesse pelos outros. Os bebés aos 6 meses de idade, quando colocados juntos, tocam-se, puxam os cabelos uns dos outros, agarram as suas roupas, etc. Aos 10 meses esses comportamentos tornam-se mais evidentes apesar de preferirem os brinquedos, brincam umas com as outras se não houver brinquedos disponíveis.

Dos 14 aos 18 meses já se vêem 2 ou mais crianças a brincarem juntas, cooperando, mas muitas vezes a brincarem em paralelo (brincam ao lado uma da outra, por vezes imitam-se mas não há grande interacção). Olham umas para as outras, sorriem, e fazem barulhos.

Aos 18 meses, aproximadamente, começam a brincar de uma forma mais organizada e coordenada demonstrando por vezes alguns sinais de interesse pela troca.

 

Por volta dos 3 ou 4 anos, aí sim, as crianças preferem brincar em conjunto em vez de o fazerem sozinhas. A amizade começa a ser compreendida como envolvendo o partilhar dos brinquedos ou das coisas dos outros.

 

É também nesta idade que por vezes começam a aparecer os amigos imaginários indicando que a imaginação das crianças se está a desenvolver. Os próprios diálogos que as crianças mantêm com os amigos privados são preciosos e devem ser respeitados pelos adultos que as rodeiam. Servem muitas vezes de ensaios para as relações existentes e o iniciar de novas. São um sinal de um desenvolvimento emocional e cognitivo saudável, e os pais não precisam de se preocupar, a não ser que a criança se isole demasiado.

 

A capacidade de construir um mundo imaginário e pessoas imaginárias, de dar vida a um boneco é um indício de que elas se estão a desenvolver rapidamente e a testar os limites do seu mundo. Isto torna-se uma maneira de afastar os demónios que as cercam – a zanga, o ciúme, a mentira, o egoísmo, a colocar características suas no seu amigo, algumas vezes até quando tentam fugir à responsabilidade das suas maldades. etc.  Permitem às crianças descobrirem de modo seguro o que querem ser. Elas podem dominar esses amigos, controlá-los e à custa deles, serem boas ou más com toda a segurança.

 

Aos 4-5 anos elas falam com os colegas da escola, começam a manifestar interesse por irem às festinhas e sabem quem são os companheiros preferidos nas brincadeiras. Começam a pedir aos pais para dormirem na casa dos amigos onde podem brincar à noite, explorar os brinquedos do outro, terem companhia para comer, dormir, etc.

 

A partir dos 6-9 anos as crianças começam a ter a noção de grupo em que partilham brincadeiras e interesses comuns, havendo preferências de sexo, as meninas e os meninos por vezes evitam interagir uns com os outros. Entre sexos, estabelecem relações de amizade muito fortes e ficam desoladas quando um amigo(a) os(as) abandona trocando-os por outros. Dos 9 a 13 anos, o amigo é o maior confidente. Os meninos são mais unidos. As meninas são críticas e cobradoras entre elas. Por volta dos 13, o amigo é modelo e companheiro. Nesta fase surgem os primeiros amigos do sexo oposto.  

 

Como se pode verificar  um dos mais importantes valores do ser humano, a amizade, é um conceito que muda com o tempo. Os pais são especialmente importantes para todo este  processo e sucesso da vida social dos seus filhos. Percebendo que cada criança tem um ritmo diferente, estando atentos, não pressionando, transmitindo carinho, amor, respeito e protecção nesse contacto com a criança, isso servirá como o melhor modelo na hora de ela estabelecer as suas relações com o mundo lá fora, e a qualidade das amizades de uma criança é para os pais um bom indicador de um desenvolvimento saudável.

 

publicado às 11:52



Mais sobre mim

foto do autor



Arquivo

  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2012
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2011
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2010
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2009
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D