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Pensamentos obsessivos

por oficinadepsicologia, em 28.07.11

E-mail recebido

 

"Olá,

 

Deambulando e tentanto encontrar alguma resposta para o meu "problema" encontrei o vosso site, mas tenho já consciência que vou precisar de algo mais.

 

Tenho 34 anos. Elevada auto-estima. Rapariga sem complexos, formada, a trabalhar, casada e sem problemas de saúde.

 

Sempre tive variações de humor, mais ou menos perceptíveis a terceiros, mas sempre  "saudáveis". A típica bi-polar, mais polar do que bi, mas nada que mereça grande reparo.

 

Aos 23 sofri um grande desgosto com a morte de um namorado num acidente de automóvel, que me fez passar por um luto terrível, na altura com a ajuda de SOCIAN, receitado por psiquiatras.

 

Entretanto fui mãe e tenho uma filhinha linda de 4 anos. A luz da minha vida.

Tive um pós parto meio complicado a nível profissional, com dissolução de sociedade e que na altura me fez ir abaixo. Não sei se recuperei.

 

Os pensamentos surgem-me há coisa de 1 ano, 2 no máximo e começaram a ser mesmo insuportáveis, porque não os consigo fazer passar, nem tão pouco livrar-me deles e sinto-me culpada. Têm ocupado a minha cabeça, qual visita chata, que aparece sem ser convidada e provoca estragos imensos.

 

Antes ocupavem só um bocadinho, e eu achava que era normal, depois começaram a ser bastante presentes, e até os sonhos ocuparam.  

 

Então passo a explicar:

 

Eu passo o tempo a pensar na morte da minha filha. Já imaginei imensas situações, acidentes, afogamentos, coisas horríveis, o funeral, o velório, como seria se ela não estivesse, enfim todo um horror e uma panóplia de porcarias miseráveis que não entendo a origem nem o porquê de me acontecerem.

 

Ás tantas começo a achar que são premonições, entro em agonia, não consigo parar de pensar e é uma catadupa de filmes mórbidos... um pesadelo.

 

Preciso livrar-me disto, vocês poderão ajudar-me a perceber o que se passa comigo?

 

Obrigada.

V"

 

 

 

Cara V.

 

 

 

Antes de mais, muito obrigado pelo seu contacto. A história que nos conta da sua vida parece ser marcada por acontecimentos muito dolorosos, o que faz sobressair a força que imagino que tenha sido necessária para emergir desses momentos e continuar com a sua vida. Tendo em conta todas as dificuldades que ultrapassou, e a forma como conseguiu sobreviver mantendo a “normalidade” na sua vida, deve ter sido particularmente perturbador e surpreendente dar por si afectada por estes pensamentos. Estes parecem ser pensamentos altamente intrusivos, que a invadem apesar dos seus melhores esforços, e que pelo seu conteúdo se tornam enormemente perturbadores. Imagino que poucas coisas possam afectar tanto uma mãe como ser sistematicamente “bombardeada” por imagens relacionadas com a perda da sua filha. Com o passar do tempo, estes pensamentos parecem ter ganho força até se tornarem um elemento dominante na sua vida psicológica. A forma como começa a temê-los enquanto premonições poderá ser um bom exemplo do poder que estes pensamento adquiriram. Quando andam assim, à solta na nossa cabeça, os pensamentos podem tornar-se autênticos “Adamastores”. Começamos a acreditar neles, a sentir-nos incapazes de os travar, e quando damos por nós estamos lavados em lágrimas ou suor… Na verdade, os pensamentos são apenas isso: pensamentos. Como tal, vão e vêm, e o poder que têm para definir a realidade é aquele que lhes atribuímos. Eu posso pensar que sou uma girafa… Não quererá dizer que o seja! Embora este raciocínio possa parecer evidente, bastante mais complexo é travar o pensamento quando ele surge sob a forma de um tsunami, como parece ser o seu caso. Não me parece possível ter certezas a respeito da natureza destes pensamento, particularmente de um ponto de vista diagnóstico. Tendo em conta o sofrimento que parece experienciar como resultado destes pensamentos, parece-me que poderá ser particularmente importante trabalhar competências de gestão do pensamento, particularmente através de técnicas de meditação e de visualização. Embora exista muita informação, poderá ser importante procurar ajuda especializada junto de um psicoterapeuta. Caso a possamos ajudar de mais alguma forma, por favor não hesite em contactar-nos.

 

Um abraço,

 

 

 

Francisco de Soure

 

Oficina de Psicologia

 


publicado às 17:43


1 comentário

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De Anónimo a 06.08.2015 às 02:07

Ola tenho 23 anos ,a 4 anos perdi minha amiga e tia depois de uns dias sentir durante um mês tonturas muitos fortes e quando eu saia de casa eu ficava lerda,com a perda e a tontura fiquei muito triste passei muito tempo sonhando com minha amiga e tia,ja tinha medo de tomar banho n queria mais sair de casa e fiquei com nervoso,e faz 1 mês que comecei a tor fluoxetina 20mg.Mais quero muito saber porque eu fico pensando o tempo todo que tudo é estranho paresse q os acontecimentos diários n são mais normais como antes de acontecer tudo isso.a tarde depois do almoço as vezes da um sono da vontade de dormir mais agora fico sentindo um medo de dormir e pensar que acordarei me sentido nervosa ou mal.o que eu faço para me sentir tranquila e livre de tudo isso?

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