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Não consigo parar de comer!

por oficinadepsicologia, em 12.08.11

Autora: Filipa Jardim da Silva

Psicóloga Clínica

www.oficinadepsicologia.com

 

Filipa Jardim da Silva

Apesar de se ouvir falar menos, o Binge Eating constitui, tal como a bulimia e a anorexia nervosa, uma doença do comportamento alimentar. Este distúrbio é caracterizado por episódios de ingestão descontrolada de comida, pelo menos 2 dias por semanas durante pelo menos 6 meses, e consequente aumento de peso. Na maioria das vezes, a grande ingestão de comida não significa que a pessoa sinta fome, mas sim uma vontade incontrolável e inexplicável de comer, à qual tende a seguir-se sentimentos de culpa e vergonha, o que leva a que muitos destes episódios aconteçam quando a pessoa está sozinha. A voracidade alimentar assemelha-se à bulimia no que respeita à elevada ingestão de alimentos mas, ao contrário desta, não é provocado o vómito nem é feito qualquer tipo de comportamento compensatório do excesso alimentar.

 

De um modo geral, as pessoas com crises de voracidade alimentar sentem-se fora de controlo, perdidas num ciclo vicioso de ingestão alimentar excessiva, sentimentos de culpa e arrependimento, restrição alimentar/ dieta e nova ingestão alimentar voraz.

 

O problema da compulsão alimentar tem muitas vezes origem na infância aquando da formação dos hábitos alimentares, em que a comida pode ser associada a compensação, amor, conforto ou a uma forma de ultrapassar o stress e conflitos emocionais. O excesso de peso serve igualmente de escudo, sobretudo quando se tratam de vítimas de abuso sexual, constituindo uma estratégia de desinvestimento no corpo com vista a tornarem-se menos atraentes e a manterem os outros à distância.

 

 

Esteja atento aos sinais que caracterizam um quadro de Voracidade Alimentar: aumento rápido de peso, flutuações constantes do peso, ingestão excessiva de comida (mesmo quando não tem fome) num curto espaço de tempo até se sentir desconfortável ou mesmo agoniado, ingestão sobretudo de alimentos com alto valor calórico, ingestão alimentar às escondidas, esconder comida para episódios de voracidade, esconder embalagens vazias, sentimentos de vergonha e culpa durante e/ou depois de um episódio de voracidade, expressar descontentamento com a aparência, o peso e auto-estima, ansiedade, atribuição dos fracassos relacionais, sociais e profissionais ao peso, culpa e vergonha pelos hábitos alimentares, evitamento de encontros sociais em especial aqueles que envolvam refeições.

 

Embora a Voracidade Alimentar seja reconhecida como uma das perturbações de comportamento alimentar, geralmente este distúrbio ainda não é encarado com a seriedade necessária, verificando-se que muitas pessoas acabam por ser direccionadas para centros de estética e programas de emagrecimento que só irão gerar mais fome, frustração e consequente perpetuação do ciclo de voracidade alimentar. Esta problemática tem de ser tratada na sua origem e como tal a intervenção deve ser feita por uma equipa multidisciplinar: psicólogo, nutricionista e psiquiatra.

 

publicado às 10:44


71 comentários

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De luana a 04.11.2013 às 04:18

tenho 15 anos , 1,67 de altura e peso 72 kg , me acho gorda . Mas como fora do horario , e só besteira , quero perder 12 kg. O quê faço ?
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De oficinadepsicologia a 03.12.2013 às 17:57

Luana, obrigada pela partilha!
Primeiro será importante pensar e dar resposta a perguntas como "quem sou eu", "o que mais valorizo em mim", "o que gostaria de melhorar", "se perdesse 12 kg o que aconteceria? e se perdesse só 10 kg? e se perdesse só 1kg?". Quando colocamos todas as nossas fichas numa só aposta se calhar estamos distraidos. Concerteza que peso a mais nos gera desconforto e mal-estar mas esse peso extra não surgiu do nada. Quando é que começou a ganhar peso, o que é que a comida está a dar, está a servir para quê? Sugiro que comece por aqui para desbloquear esta teia emaranhada.
Poderá consultar ainda no nosso site um guia de apoio sobre as emoções e a nutrição, com sugestões práticas de escolhas alimentares saudaveis mas que vão acompanhando o que sentimos. http://oficinadepsicologia.com/recursos/nutricao-ansiedade

Um abraço forte,
Filipa Jardim da Silva
Oficina de Psicologia

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