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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
Sempre que estamos com um problema, isto é com uma situação em relação à qual prevemos um desfecho potencialmente negativo, sentimos desconforto e ansiedade e uma das primeiras estratégias que utilizamos para fazer face a essa circunstância é através da preocupação.
A preocupação é uma actividade iminentemente cognitiva que permite identificar ameaças potenciais e activar a resolução de problemas quer através da construção de cenários, quer através do equacionar de hipóteses e/ou soluções alternativas.
A preocupação surge assim como uma tentativa de maximizar os bons resultados e de minimizar o impacto dos efeitos negativos, ou seja de reduzir a imprevisibilidade e simultaneamente aumentar a sensação de controle face ao desconhecido e/ou inesperado.
Será que toda a preocupação é útil e desejável? Quando é que a preocupação deixa de ser funcional para passar a ser disfuncional?
É importante ter a noção de que estamos a falar de um continuum entre o “normal” e o “patológico” e não numa situação em que há pessoas que não se preocupam e outras que se preocupam. Todos nós temos algum nível de preocupação, a diferença está na quantidade e na capacidade de controlar a preocupação, isto é para lá de um determinado limite ela é disfuncional e perturbadora do funcionamento normal e regular da pessoa.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
A menopausa, enquanto última fase do ciclo reprodutivo da mulher, marca a transição para uma fase com mudanças físicas e psicológicas que como já tivemos oportunidade de verificar é influenciada pelo contexto social e histórico-cultural em que a mulher se insere.
É nas culturas ocidentais, orientadas para o culto da beleza e da juventude, que a menopausa se encontra mais penalizada, não só pelas fortes conotoções negativas a que está associada, mas também por ser a cultura onde paralelamente as perturbações e as mudanças que acompanham a menopausa parecem adquirir maior impacto.
Mas será que todas as mulheres do ocidente sentem e vivenciam a menopausa da mesma forma? Em que medida que o papel que as diferentes mulheres ocupam na sociedade interfere com a forma de olhar e vivenciar esta fase de mudança?
Diversos estudos têm demonstrado que as mulheres que desempenham papéis nos quais a actividade intelectual, a criatividade ou a força espiritual são valorizadas – como artistas, políticas, escritoras ou terapeutas, lidam melhor com a transição da menopausa. Enquanto que as mulheres cujo valor sempre dependeu mais da sua aparência física ou do seu papel na família – como actrizes e/ou mulheres só mães e donas de casa, se sentem mais diminuídas no seu estatuto e parecem mais predispostas à depressão nesta fase da vida.
Também as mulheres de classe média e média-alta tendem a diferenciar-se das mulheres de classes mais desfavorecidas, por considerarem que a menopausa representa uma libertação que lhes abre novas oportunidades. Isto é, finalizada a tarefa de cuidar e apoiar os filhos, estas mulheres não sentem vazio, nem que a sua vida perdeu o sentido.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
De acordo com um estudo publicado no International Journal of Psychiatry in Medicine, há razões para acreditar que o sentido de humor tem um efeito positivo na saúde mental e na vida social, mesmo depois das pessoas se reformarem, embora o efeito positivo na esperança de vida não possa ser demonstrado após os 75 anos, idade a partir da qual os factores genéticos e biológicos do envelhecimento passam a ser determinantes.
O estudo foi composto pela análise de 53.500 registos compostos de histórias de saúde e de análises clínicas de indivíduos que foram seguidos ao longo de 7 anos. Os autores avaliaram ainda o sentido de humor através de um conjunto de questões retiradas de um teste para avaliar o humor. Essas questões revelam a capacidade da pessoa para compreender o humor e pensar de forma humoristica e não têm a ver com a facilidade de rir.
O humor tem a ver com a forma de pensar e frequentemente ocorre num processo ou num dialogo com os outros. Não precisa de ser externalizado. O que a pessoa pensa é divertido, e isso é que conta. Há muitos mitos e mal entendidos acerca do humor, por exemplo é comum pensar-se que as pessoas alegres têm um melhor sentido de humor, que as pessoas que são mais sérias. Mas de facto não basta rir. As pessoas com o mesmo sentido de humor gostam de estar juntas e conseguem comunicar humor sem grande alarido. Um brilho nos olhos pode ser mais do que suficiente.
Para terem a certeza que os seus resultados eram verdadeiros os autores estudaram os efeitos do sentido de humor em dois grupos separados - um grupo era composto por pessoas que acreditavam que eram saudáveis, enquanto o outro era composto por pessoas que achavam que tinham uma saúde fragilizada. Contudo, os autores descobriram que o impacto de um bom sentido de humor era o mesmo nos dois grupos.
Verificou-se assim que independentemente dos indivíduos se acharem com mais ou menos saúde, as pessoas que tinham mais sentido de humor tinham duas vezes mais hipóteses de sobreviver ao período de sete anos de follow-up, do que aquelas que tinham uma pontuação mais baixa. O sentido de humor tem pois um efeito real na saúde das pessoas pelo menos até aos 70 anos.
O sentido de humor pode ser aprendido e melhorado com a prática, porque não começar já?
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
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A Associação Americana de Reumatologia está a propor um novo conjunto de critérios de diagnóstico para a fibromialgia, que para além da tradicional dor, inclui sintomas como a fadiga, as perturbações de sono e os problemas cognitivos.
Este novo critério reconhece assim que a fibromialgia é mais do que as dores no corpo. Uma questão que pode ser particularmente importante, para todos os doentes que sofrem dos sintomas, mas que não têm ainda um diagnóstico definitivo.
O diagnóstico da fibromialgia, uma condição caracterizada pela presença de dores inexplicáveis que se podem estender da cabeça aos pés e por uma sensação de cansaço, é realizado com base num exame físico focado em 18 pontos do corpo - situados em torno da região do pescoço, ombro, peito, anca, joelho e do cotovelo. Sobre estes pontos é exercida uma pressão ligeira e verifica-se que os os doentes com fibromialgia sentem desconforto ou dor quando a mesma é aplicada.
Para o doente ter o diagnóstico definitivo de fibromialgia tem de apresentar dor disseminada
nos quatro quadrantes do corpo, pelo menos durante três meses consecutivos e experienciar dor ou desconforto moderado em 11 dos 18 pontos do corpo.
Estudos recentes indiciam que se pode estar perante um sub-diagnóstico da fibromialgia, em virtude do critério actual de diagnóstico – presença de dor em pelo menos 11 pontos, ser restritivo e não ter em conta outros problemas centrais da doença como a fadiga, a falta de clareza mental, os esquecimentos, os problemas de sono e a incapacidade para realizar as actividades do quotidiano.
Neste contexto propõe-se que o diagnóstico de fibromialgia passe a ser feito de acordo com um indice de dor disseminado e com uma escala de severidade de sintomas.
O valor do indice de dor disseminado é determinado pela contagem do número de áreas do corpo do cliente onde este sentiu dor durante a última semana . A listagem inclui 19 áreas específicas.
A severidade dos sintomas é determinada pelo grau de severidade de três sintomas comuns – a fadiga, a incapacidade para realizar as actividades do dia-a-dia e os sintomas cognitivos. A esta escala podem adicionar-se outros sintomas como a dormência, o enjoo, as nauseas, o sindrome do colen irritável ou a depressão.
Para o doente ter o diagnostico de fibromialgia, terá de apresentar 7 ou mais áreas de dor e um score de severidade de sintomas de 5 ou mais, ou em alternativa apresentar 3 a 6 áreas de dor e um score de severidade de sintomas de nove ou mais.
Alguns critérios mantêm-se inalteráveis, como o facto dos sintomas terem de estar presentes pelo menos ao longo de 3 meses e o cliente não ter outra doença que possa explicar a dor.
Admite-se que este novo critério de diagnóstico possa contribuir para um melhor diagnóstico da doença e consequentemente permitir que todos aqueles que até ao momento têm sido excluídos possam aceder a um tratamento mais focalizado e eficaz.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
A auto-estima é o conjunto de atitudes que cada pessoa tem sobre si própria. Trata-se no fundo da opinião global que cada indivíduo tem de si mesmo, do modo como se julga ou avalia, bem como do valor que atribui a si próprio.
A auto-estima reflete o julgamento que fazemos da nossa capacidade para lidar com os desafios e os problemas da vida, bem como com o direito de sermos felizes.
A auto-estima é o reconhecimento que fazemos de nós mesmos, da nossa competência e consequentemente dos nossos direitos. A auto-estima prende-se com aquilo que realmente somos e sabemos ser capazes de fazer, com a forma como sentimos as nossas potencialidades e fragilidades e com o quanto gostamos de nós mesmos.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
O que é a depressão pós-parto?
Como o próprio nome indica trata-se de uma depressão, que ocorre dois ou três meses após o nascimento do bebé. Estudos realizados revelam que entre 10 a 15% das mulheres sofrem de depressão pós-parto.
Distingue-se de uma depressão “comum”, não só pela sua estreita ligação com o parto e por na sua origem estarem dificuldades de adaptação ao papel da maternidade, mas também pelo relevo que assumem determinados sintomas, como por exemplo um imenso sentimento de culpa aliado a uma quebra acentuada da auto-estima da mãe, que decorrem de uma sensação de inaptidão no que toca à relação com o bebé e aos cuidados a prestar-lhe.
Importa ainda distinguir a depressão pós-parto dos blues, uma situação frequente que surge durante o primeiro mês após o parto e que está intimamente associada às inúmeras alterações hormonais que a mulher sofre com o término da gravidez. Ambiguidade de sentimentos, alternância entre períodos de tristeza e alegria, vontade de chorar sem motivo aparente, irritabilidade, falta de apetite e dificuldades em dormir, afiguram-se como os sintomas mais comuns dos blues.
A depressão pós-parto surge tendencialmente em mulheres sem história psiquiátrica prévia, o que aumenta a dificuldade de os sintomas serem identificados pela própria mulher ou pelos seus familiares.
A duração média dos períodos de depressão pós-parto, oscilam normalmente entre 3 a 4 meses, mas em alguns casos pode estender-se até aos 2 anos do bebé.
Sintomas
A depressão pós-parto está relacionada com o desempenho do papel de mãe e com a presença do bebé. Quando a mãe assume o seu novo papel e sente que não está preparada para ele, gera-se um contexto que propicia o aparecimento de alguns sintomas como:
Factores coadjuvantes
As mudanças registadas nas últimas décadas, com particular destaque para a presença de núcleos familiares cada vez mais restritos e distantes das famílias de origem, aliado a um agravamento das condições de vida e a um contexto laboral competitivo e à exigência de desempenho de múltiplos papéis por parte da mulher, têm contribuído para a debilidade das redes de suporte tradicionais – pais, avós e vizinhos entre outros, bem como para uma desvalorização do estatuto da mulher-mãe, que promovem a precipitação da depressão.
De facto, verifica-se que a depressão pós-parto tende a desenvolver-se preferencialmente junto de mulheres que não beneficiam de relacionamentos positivos com o seu cônjuge, e/ ou não dispõem de uma rede consistente de apoio por parte dos familiares e amigos e/ou ainda têm bebés com dificuldades temperamentais.
Na ausência de suporte social, afectivo e emocional e perante uma eventual exaustão física e psíquica da mulher, a espiral de desencantamento é inevitável e com ela cede a auto-estima e as dificuldades acrescidas no estabelecimento da relação com o bebé.
Pouca atenção tem sido dada às implicações adversas da depressão pós-parto, que não se limitam tão somente à mulher, mas que compreendem igualmente o cônjuge e o desenvolvimento saudável do bebé, comprometendo assim a saúde e o bem-estar mental da unidade familiar.
Intervenção
A medicação é uma das soluções mais utilizadas, no entanto existem outras opções mais naturais e ajustadas à saúde e bem-estar das mães e dos seus bebés, possíveis de ser encontradas no acompanhamento psicoterapêutico.
Na intervenção na depressão pós-parto, a dimensão psicossocial assume um papel de destaque ao promover, entre outros, a auto-estima e a aceitação da mulher. Ampliar o sentido de eficácia nos cuidados a prestar ao bebé, hierarquizar necessidades e recursos, implementar medidas que devolvam um carácter de normalidade às novas rotinas e que permitam a uma melhor organização e gestão do tempo e inventariar as necessidades do casal face ao aparecimento do bebé, procurando tanto quanto possível antecipar as situações de ruptura, afiguram-se, entre outras, como medidas importantes para propiciar a mudança e (re)estabelecer o equilíbrio.