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Penso, logo existo?

por oficinadepsicologia, em 30.09.12

Autora: Fabiana Andrade

Psicóloga Clínica

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Fabiana Andrade

Alguma vez viu documentários sobre animais? Será que já viu nestes documentários situações como as seguintes?

- um animal chega perto de uma planta, sente que a planta é uma ameaça, “algo lhe diz” para não comer a planta. No entanto ele hesita e come a planta mesmo assim.

- um animal mesmo sem ver ou ouvir nada, “pressente” a presença de um predador. No entanto, ele hesita, e como não vê nada decide ficar ali mesmo assim.

- um animal “pressente” perigo, mas para confiar no seu instinto precisa confirmar que o perigo está mesmo lá, e enquanto não tem essa confirmação, não dá ouvidos ao seu instinto

- “algo diz” ao animal que ele deve migrar para Sul em determinada altura do ano. No entanto, como ele nunca lá foi e não sabe o que o espera, decide não ir.

 

Já viu? Não!

 

O que vemos nestes documentários, ou mesmo no dia a dia, para quem contacta diariamente com animais, não é nada disso!

Vemos que o animal, INSTINTIVAMENTE percebeu que a planta era venenosa e não a comeu. Não precisou testar, não duvidou, não hesitou.

Vemos o animal que pressente o predador e foge, sem hesitar, sem duvidar.

Vemos o animal, que nunca migrou para Sul, pois este é o seu 1º ano de vida, que sem hesitar viaja em busca de terras mais quentes.

Essas expressões, “pressente”, “algo me diz”, referem-se ao nosso instinto, à nossa intuição.

No mundo animal temos milhares de exemplos de que o instinto leva à VIDA! O instinto guia, protege.

 

E o nosso mundo é animal? Sim!

 

E não só. É animal, instintivo, e também é racional. Ou seja, não só temos uma ferramenta vital, como temos duas!

E o que fazemos com elas? Usamos uma (a razão, ou racionalidade, ou pensamento), para matar a outra! Achamos que uma é melhor do que a outra, valorizamos uma em detrimento da outra em vez de as usar como ferramentas complementares.

 

Recebo diariamente pessoas no consultório, cujos problemas vêm de uma origem: a redução da vida ao plano racional e consequente perda de uma bússola/guia fundamental: o instinto/corpo – emoção.

Assim, surgem pessoas com problemas de indecisão, estagnação, insegurança, ansiedade, falta de auto estima e auto confiança.

Pessoas que se desligaram da dimensão do corpo, dos instintos e emoções, e que tentam viver apenas com a dimensão racional. Fazem planos, criam expectativas, tentam dar ordem à tudo em prol de uma pseudo segurança.

Quando é mencionado que a segurança não está aí, e si m nelas mesmas e na utilização mais abrangente de todas as suas ferramentas, a primeira reação é de medo e desconfiança.

 

Aquelas que decidem arriscar e explorar a sua dimensão afetiva e instintiva, são aquelas que encontram uma mudança valiosa: a passagem de um modo de estar reduzido a outro modo pleno e completo. E é neste modo de estar que a vida acontece, que tudo se desbloqueia.

Ver estes saltos de fé acontecerem à minha frente me emociona.

Ver a cor a aparecer, a voz a mudar, os olhos a brilharem, os sorrisos nos rostos e uma energia renovada, é o melhor presente da minha profissão.

 

Assim, fica aqui uma recomendação para a vida: voltem a falar com os vossos animais interiores, eles são uma parte valiosa da vossa existência. Desçam das  cabeças e habitem todo o vosso corpo.

E se sentirem que precisam de ajuda neste processo, estamos cá para isso!

publicado às 08:36

Autor: António Norton

Psicólogo Clínico

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António Norton

Gostaria de falar sobre o papel que as emoções desempenham no exercício de qualquer profissão de ajuda.

 

Muitas pessoas  têm profissões de ajuda como a enfermagem, a psicologia, a medicina, aulixiares de acção médica, técnico superior de saúde, assistente social, técnico de integração social, etc

 

Qualquer pessoa que escolha este percurso profissional, tem naturalmente a vontade de ajudar, de ser útil, de dar o devido apoio a quem precisa.

 

Ao inicio, é natural surgir alguma ansiedade própria da inexperiência, do amadorismo e da insegurança de dar os primeiros passos, mas, à medida que o tempo passa essa ansiedade  dá lugar à certeza e ao conforto, a uma sensação de mestria face à profissão que se desempenha.

 

Ou seja, normalmente, esta ansiedade é passageira, transitória, e apenas tem a função de nos relembrar da nossa inexperiência e da necessidade de estar muito atento a eventuais erros que se possam cometer.

 

As pessoas que os profissionais de saúde recebem e ajudam, à partida não conduzirão ao aparecimento de emoções que perturbem o desempenho equilibrado e regulado da profissão em questão.

 

Mas existem casos em que a situação não apresenta esta linearidade, equilíbrio e previsibilidade. Quando existem laços emocionais entre o profissional de ajuda e a pessoa  a quem vai ajudar, tudo poderá tornar-se muito mais complicado.

 

Vou procurar ser um pouco mais explícito, e, para tal, vou servir-me de um exemplo fictício. Sublinho o seu carácter de fictício.

Vamos imaginar um médico, um reputado cirugião, daqueles de topo, especialista entre os especialistas, mestre da sua arte de operar. Vamos agora imaginar que este médico recebe como paciente o seu pai que sempre amou e respeitou. O seu pai precisa urgentemente de ser submetido a uma operação de elevado nível de rigor, precisão e saber. Vamos então imaginar que o cirurgião se disponibiliza para ajudar este paciente que é nada mais nada menos que o seu próprio pai.

 

Esta é a grande oportunidade de este médico provar ao seu pai – pessoa que sempre duvidou do filho e da sua mestria – que está enganado. A operação começa e o cirurgião procura ser exemplar, mas passado cerca de uma hora uma estranha ansiedade apodera-se deste experiente homem e provoca um tremer contínuo das suas mãos que acaba por inviabilizar o tão aguardado sucesso da operação.

 

Como resultado o pai acaba por falecer. O cirurgião sente-se absolutamente culpado, passa a ter ataques de pânico, e acaba com um esgotamento nervoso que o conduz à  Psicoterapia.

 

Eu utlizei este exemplo extremo do médico, mas verdadeiramente podemos encontrar esta sobreposição de papeis entre o papel profissional e o papel relacional, seja o de filho, filha, pai, mãe, e.etc. em várias situações profissionais  da vida.

 

Eu quero alertar para a perigosidade e a delicadeza de tais situações.

 

A profissão de cuidador será desempenhada de uma forma equilibrada quando a única relação que estabelecemos com a pessoa a quem damos o nosso contributo é estritamente profissional.

 

Quando existem laços entre um cuidador e um paciente que não passam apenas e só pelo vínculo profissional, então as nossas emoções podem, realmente, pregar partidas, que poderão ter mais ou menos gravidade, e maior ou menor impacto. O exemplo que eu dei é um extremo, mas não é mera ficção, pode mesmo acontecer!

 

Em qualquer segundo da nossa vida além de respirarmos, estamos a sentir emoções, sejam  elas mais ou menos intensas.

Quando estamos com qualquer pessoa estamos sempre a sentir emoções. Se temos uma forte ligação emocional com esta pessoa, então a nossa intensidade emocional será mais vincada e presente.

 

Se existem emoções não resolvidas de zanga, tristeza, raiva, revolta, ódio, rancor, vergonha, culpa para com alguém e se esse alguém é o sujeito da nossa intervenção profissional então é natural e até algo previsível que estas emoções atrapalhem e condicionem todo o desempenho profissional.

 

É natural que este médico cirurgião sinta culpa pela morte do seu pai, mas mais importante ainda é perceber que a situação a que foi sujeito tinha um alto grau de condicionamento         emocional  e que existiam várias emoções que estavam claramente por resolver ( convém, por exemplo, não esquecer que este pai não acreditava no seu filho) o que, naturalmente impediu o desempenho exemplar que este médico havia previsto.

 

Nunca se esqueça que as emoções são algo que o vai acompanhar toda a sua vida e quando as emoções não são devidamente resolvidas, trabalhadas, processadas então elas terão um papel na relação que vai estabelecer com as pessoas com quem directa ou indirectamente experimentou estas emoções.

 

Vale a pena pensar nisto!

publicado às 13:54

Saudades

por oficinadepsicologia, em 21.09.12

Autora: Filipa Jardim Silva

Psicóloga Clínica

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Sente falta de algo ou alguém que um dia teve e já não tem

Ambiciona voltar a encontrar-se dentro do labirinto que há em si

Um suspiro acorda-o todas as manhãs

Dúvidas habitam-no sistematicamente

Angustia olhar para o calendário aparentemente vazio

Dias uns a seguir aos outros

Encarrilhados em tonalidades cinzentas

Somam um amontoado de horas de desprazer pela vida.

 

Talvez possa estar a sofrer de um mal chamado Saudades. Do que foi e já não é, do que nunca foi e sempre esperou que fosse, do que lhe prometeram que iria ser e não chegou. De quem partiu demasiado cedo, de quem se ausentou sem aviso prévio, de quem fugiu injustamente, de quem nunca chegou e estava anunciado.

As saudades são um sentimento que habitam em muitos de nós e que nos obrigam a um baloiçar persistente: para trás guardando o que há para guardar, para a frente ganhando impulso para o momento presente e futuro. Desgastamo-nos no balançar mas reciclamos energia neste movimento, até que ele se extingue, sinal de que o baloiço parou e as saudades acalmaram. Por vezes precisamos entrar no parque infantil que existe em todos nós. Escorregamos por dificuldades, driblamos obstáculos, escondemo-nos dos dias difíceis, baloiçamos pela vida.

publicado às 20:16

Azares que se repetem

por oficinadepsicologia, em 15.09.12

Autora: Catarina Mexia

Psicóloga Clínica

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Catarina Mexia

Por mais vezes que repitam as promessas de que da próxima vez será diferente, estas pessoas vivem paixões intensas, mas acabam invariavelmente a chorar as mágoas de uma relação que deixa para trás recordações e destruição.

 

Recebi recentemente em consulta uma mulher que recuperava de uma tentativa de suicídio, subsequente a mais uma ruptura na sua vida. O namoro decorreu aparentemente sem problemas e até os amigos comentavam que ela parecia muito mais feliz desta vez, capaz de falar sobre a relação, mas parecia, uma vez mais, estar a "dar tudo de uma vez". Não sendo propriamente uma relação entre jovens adultos - ambos vinham de relações anteriores das quais existiam filhos - começaram a fazer planos para viverem juntos. Subitamente o namorado recuou e cortou todo e qualquer contacto.

 

No decorrer da terapia foi possível apurar que esta foi apenas mais uma das relações que seguiu o mesmo padrão. E o sentimento de desilusão e desespero desta mulher foi tal que o suicídio pareceu a única saída.

 

O envolvimento em relações potencialmente complicadas não é um privilégio do homem nem da mulher e pode acontecer em qualquer idade. Na verdade, quem vive este padrão de relacionamento vai- se habituando, com o tempo, a suportar os embates mais terríveis à sua autoestima, acabando por fortalecer a sua capacidade de tolerar desilusões. E assim vai perpetuando o papel de vítima, continuando a lamentar a sua falta de sorte e incapacidade para mudar o destino.

 

Esta incapacidade, no entanto, não resulta de uma partida do destino, mas da inexistência de uma pausa que permita avaliar o que aconteceu para trás antes de apostar num novo relacionamento ou seja, não foram pensados os papéis, o nosso ou o do outro. Nestes casos é comum existir um processo de autocomiseração que facilmente mobiliza os outros no sentido de nos confortarem. É como ir ao posto de abastecimento da autoestima. Recuperamos alguma, voltamos ao campo de batalha das relações. Mas um depósito cheio não nos permite perceber o que funciona mal no motor. É como se nós, mecânicos do nosso bem-estar, apenas nos preocupássemos em fazer andar o carro, sem cuidar de o lubrificar, ouvir o seu funcionamento, detectar as peças que precisam ser substituídas.

 

Aqueles que não possuem uma boa autoimagem, que não se sentem suficientemente merecedores de dar e receber amor, atraem frequentemente parceiros que apenas vêm confirmar essas profecias. E quando conseguem alguém que os acarinha e estima, muitas vezes dizem para si mesmos que não estão habituados e como tal não sabem lidar com essas atenções! Está assim criada a condição para que a sua relação não vingue.

 

Trata-se de amores que começam com um relacionamento sexual e paixão muito intensas, mas um envolvimento emocional superficial. Rapidamente o abandono, a traição, falta de consideração e, no extremo oposto, a agressão física vem substituir a ilusão do início. E o amor em que estas pessoas tanto apostaram inicialmente é rapidamente substituído por sofrimento e desilusão.

 

A autoimagem faz parte integrante da nossa personalidade e começa a delinear-se na infância. Um relacionamento com um adulto significativo e importante para nós (o pai, a mãe, um professor, um avô, etc.) mas que não é capaz de valorizar, respeitar e amar o nosso ser leva-nos a acreditar que não temos valor suficiente para merecer o seu amor. Se durante o nosso crescimento este padrão de relacionamento não se alterar, muito provavelmente viremos a ser adultos possuidores de uma baixa autoestima e autoimagem. Assim, quando procuramos um parceiro, muito provavelmente iremos encontrar alguém com quem iremos repetir a situação infantil. Para ultrapassar este padrão de relacionamento precisamos de compreender quem somos, fazer alguma introspeção, recuperando e reconstruindo a nossa autoestima.

 

Vivemos uma época em que o autoconhecimento é uma ferramenta essencial. As pessoas que se envolvem neste tipo de relacionamentos caracterizam-se por uma enorme dificuldade em verbalizar — muitas vezes até em saber — o que as faz felizes, quais os seus objectivos, o que querem da vida. Geralmente, o desejo de agradarem leva-as a centrarem-se de tal maneira nas necessidades e anseios do outro, que é como se a sua própria existência apenas se justificasse em função dele.

 

Muitas vezes, o outro desfruta de um carinho e atenção que vai para além daquilo que esperou da relação. E os conflitos surgem quando se iniciam as cobranças. Aquele que se sentiu alvo daquilo que julgava ser um amor intenso e desinteressado vê-se confrontado com "fiz tudo por ti e tu nada me deste em troca".

 

Compreendermo-nos, é o melhor caminho para a mudança.

publicado às 09:44

Autora: Marta Gonçalves Porto

Psicóloga Clínica

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Marta Gonçalves Porto

Hoje gostaria de relembrar a história de Robinson Crusoe. Quem não se recorda da história de um dos grandes heróis da literatura inglesa? Um homem que aquando de uma intensa tempestade, ficou naufragado e sozinho numa ilha que durante algum tempo pensou estar deserta.

Torna-se fundamental, então, reflectir sobre o que permitiu a sobrevivência deste homem, tendo em consideração prévia que apenas poderá ter sido um método digno de um herói.

 

Crusoe ao deparar-se com a sua situação potencialmente trágica e sentindo-se com pouca esperança de um dia vir a ser salvo, decidiu, apesar das circunstâncias, reagir à adversidade. Foi exactamente esta decisão que promoveu a sua sobrevivência.

 

Ao concluir que nenhuma situação poderia ser tão catastrófica que leve um homem a perder definitivamente a esperança, mudou a forma como estava a encarar as suas circunstâncias. Neste sentido, ao não se entregar a um compreensível desespero que colocaria a sua vida em risco, optou por acentuar conscientemente o lado positivo da sua realidade, elegendo uma nova perspectiva.

 

Esta nova perspectiva foi automaticamente acompanhada de uma mudança ao nível das suas cognições, isto é, dos seus pensamentos: “Fui parar a uma ilha solitária” – “Mas ainda estou vivo e não me afoguei, como todos os meus camaradas”; “Fiquei isolado, entre todos os seres humanos fui eu o escolhido para sofrer estas privações” – “Mas também, entre toda a tripulação, fui o escolhido para escapar à morte”; “Nem sequer tenho roupa para me cobrir” – “Mas estou numa região quente, onde quase nunca precisaria de usar roupa, mesmo que a tivesse.”


Neste momento, admito que tudo o que foi supracitado pode ser fácil demais para ser verdade. Não obstante, torna-se fundamental referir que esta mudança ao nível das cognições se encontra na base de uma das Terapias mais eficazes no tratamento das perturbações mentais e do comportamento, ou seja, a Terapia Cognitiva preconizada por Aaron Beck.

 

Por último, gostaria de partilhar o seguinte prisma, influenciado pelo Método de Robinson: Todos nós podemos ser heróis das nossas vidas, alterando a perspectiva da nossa realidade.

publicado às 10:04

Sobre a felicidade

por oficinadepsicologia, em 04.09.12

Autora: Joana Fojo Ferreira

Psicóloga Clínica

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Joana Fojo Ferreira

Para ser absolutamente honesta tenho que partilhar que não sei se sei escrever sobre isto, é tão subjectivo, tão abstracto, e com potencial para seguir tantos caminhos, que me assusto sempre face à perspectiva de ser demasiado reducionista. Decidi contudo arriscar e partilhar uma das várias possibilidades de olhar para isto da felicidade.

 

A primeira questão que me surgiu foi O que é que significa ser feliz?


A primeira resposta foi Não faça a mais pequena ideia. Depois, talvez fruto da frustração, questionei-me Será que é relevante? Será que existe tal coisa? Mas como qualquer uma destas respostas deixava o meu intento de escrever sobre a felicidade cair por terra, a brincar com as palavras da própria questão pensei E se o significado de ser feliz for precisamente viver com significado, com sentido?


Não sei como é que isto vos soa, para mim confesso integrou muito bem tudo o que me apela para felicidade.

Ser feliz é viver com sentido, de forma coerente com o que a cada momento se sente, se precisa. É dar significado às coisas e viver de acordo com o significado que têm para nós.

 

Sorrir quando apetece chorar não faz sentido e não traz felicidade. Só dar quando se precisa também receber pesa, não faz sentido, não traz felicidade. Estar próximo dos outros quando se precisa mesmo é estar só não faz sentido, não traz felicidade…

 

Ser feliz é sorrir, ou mesmo gargalhar, quando dá vontade. Mas é também chorar quando as lágrimas pedem para sair. Ser feliz é dar quando se pode e se deseja. Mas é também receber quando se precisa. Ser feliz é estar próximo quando se precisa de proximidade. E é afastar-se quando se precisa de isolamento. Ser feliz é abrirmo-nos ao mundo quando tanto nós como o mundo estão disponíveis. E é recolhermo-nos em nós próprios quando precisamos de um tempo para nós, de introspecção.

 

Para ser feliz não há uma receita porque a felicidade não é um produto final. Ser feliz é um processo, de simplesmente ser como se é, estar onde se está, como se precisa ser e estar a cada momento, sem nos cobrarmos por isso.

publicado às 12:05

O que fazer com a raiva?

por oficinadepsicologia, em 02.09.12

Autora: Cristiana Pereira

Psicóloga Clínica

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Cristiana Pereira

“Estou irritado. Fiquei indignado!” Tantas vezes experimentamos a raiva! Esta emoção não é mais do que a experiência da mágoa, podendo expressar-se de várias formas, como o ficar irritado, ressentido, indignado, incomodado ou amargurado. Perante tantas sensações negativas, podemos perguntar qual o papel da raiva na nossa vida.

 

Ora, a raiva é voltada para a ação, para a autodefesa, não se tratando, por isso, de uma emoção reflexiva como a ansiedade. Neste sentido, se a função da raiva é dar-nos energia para manifestar a mágoa quando ela está presente, ao negar as nossas emoções ficamos prejudicados, pois é como se passássemos a viver uma falsa realidade.

 

Sempre que experimentamos a raiva, repetimos o mesmo padrão: sofremos com um determinado acontecimento, adiamos a expressão da mágoa por um ou dois momentos e ficamos ressentidos por termos sido magoados. Quando tal acontece, refletimos sobre o momento, tentamos determinar o que aconteceu e decidimos o que fazer. Logo, é importante que a intensidade da raiva expressa seja adequada ao momento sofrido. Quando manifestado de maneira ineficaz, o ressentimento restante fica na “fila de espera” para ser exposto numa próxima oportunidade, quando muito provavelmente já existirá alguma raiva acumulada.

Sabemos que é comum que esta raiva contida seja libertada na hora errada, no lugar errado e sobre a pessoa errada. E como ela permanece não-resolvida, é como se você ficasse centrado nisso.

 

Mas, por que é tao comum inibirmos a expressão da raiva, uma vez que este é um sentimento natural? Os motivos são vários: medo de ser rejeitado, de admitir a própria vulnerabilidade, de ser mal compreendido, de alguém sair ferido, de perder o controlo, etc. Culturalmente, aprendemos também que não é bonito expressar a raiva em relação aos nossos pais ou a outras pessoas que devemos respeitar.

Por vezes, fica o sentimento de que ao admitir o sentimento de raiva perde-se a proteção das máscaras de indiferença. E além disso, o facto de admitir a vulnerabilidade pode parecer um risco grande demais para ser assumido.

 

Desenvolver a tao almejada liberdade emocional não é tarefa fácil, mas é preciso, acima de tudo, deixar que os sentimentos negativos como a dor, a raiva e a mágoa saiam do seu “mundo interior” com toda intensidade, até que se esgotem e desapareçam de vez.

Já pensou no que acontece quando nos permitimos sentir as emoções? Quando o fazemos ficamos conscientes de que elas nos pertencem, mas não fazem parte da nossa essência. Por outras palavras, nós não somos as nossas emoções, ou seja, podemos manifestar e deixá-las para mantermos o nosso verdadeiro “eu” inalterado.

 

Afinal, a raiva em si não é má, mas o acumular desta emoção é perigoso. Permita-se sentir a mágoa, uma vez que a rejeição, o desapontamento, a traição, a vergonha ou o fracasso aconteceram, apenas os torna pior se os evitar. Podemos dizer que começa a cuidar da sua saúde emocional quando admite a verdade da dor. Reconhecer as suas fraquezas dá-lhe um controlo real, não reforçando a tentativa de manter uma imagem de que você é sempre forte e perfeito.

 

Se alguém o magoou, expresse a sua mágoa no momento que achar adequado, respeite o seu “tempo interior”, procure sentir esta emoção, respire, mande embora o ressentimento. O ressentimento alimenta a sua raiva, além de o deixar preso ao outro. Reflita na possibilidade de perdoar a outra pessoa o mais cedo possível e finalmente esclareça que não está mais magoado, que a dor passou.

publicado às 16:37

Raiva na estrada

por oficinadepsicologia, em 29.07.12

Autora: Marta Gonçalves Porto

Psicóloga Clínica

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Marta Gonçalves Porto

 

Os fenómenos de condução agressiva e road rage (raiva na estrada) aumentam exponencialmente o risco de colisão e a pertinência da abordagem destes temas prende-se com a elevada quantidade de acidentes graves de viação que resultam em ferimentos graves e vítimas mortais.

 

Segundo Leon James, psicólogo norte-americano especializado nas componentes cognitiva e comportamental relacionadas com os fenómenos supracitados, as pessoas tornam-se automática e potencialmente mais agressivas pelo facto de se sentarem ao volante de um automóvel, devido à incapacidade de resistir à provocação e ao desejo de retaliação. Segundo o autor, as pessoas canalizam as suas frustrações para o trânsito, abordando os outros condutores como se fossem apenas automóveis e não como seres humanos, colocando-se em primeiro lugar. Neste sentido, o condutor percepciona a sua viagem tendo em consideração apenas os seus desejos e necessidades, não respeitando os interesses de cada um dos utentes que circulam e que se encontram igualmente a fazer a sua própria viagem.

 

Diane Nahl, colaboradora de James, acrescenta que a raiva e o descontrolo emocional estão relacionados com a ideia de morte, sendo que na condução existe um número muito elevado de estímulos que nos remetem inconscientemente para o perigo de vida. Este factor, aliado à procura de excitação, impaciência, aborrecimento, hostilidade e/ou pressa, contribui para o despoletar de um comportamento agressivo e uma abordagem baseada na raiva no que diz respeito à condução.

 

Em Portugal, deparamo-nos com uma intensa escassez de estudos neste âmbito. De acordo com Mário Horta, director do Departamento de Prevenção Rodoviária Portuguesa, a frustração pode contribuir para que o sujeito se veja a si próprio como parte do veículo, fazendo com que o indivíduo tenha uma falsa sensação de poder e até de omnipotência.

 

Nesta perspectiva, a falsa percepção de controlo por parte dos condutores agressivos dificulta o reconhecimento dos seus erros, diminuindo a probabilidade de adopção de uma condução mais defensiva, contribuindo para a perpetuação da agressividade ao volante.

Quando um condutor impede, por exemplo, a passagem a outro, despoleta na pessoa a quem foi negada a passagem, a evidência da sua impotência, sendo que a ilusão de controlo é desvanecida, dando lugar ao aparecimento da agressividade como resultado dessa frustração.

É importante referir que o anonimato e a atribuição a causas exteriores (trânsito congestionado, reacções de outros condutores) contribuem para que o condutor agressivo se sinta confortável para assumir determinados comportamentos em que relega o outro para segundo lugar, podendo colocar a sua vida e a do outro em causa.

 

A influência social contribui igualmente para a reprodução de comportamentos agressivos na estrada, uma vez que o efeito cumulativo de situações diárias caracterizadas pela hostilidade e a sensação de impunidade, promovem uma cultura de desrespeito nas estradas.

Após uma revisão teórica da condução agressiva, torna-se fulcral referir o que podemos fazer na prática para transformar os comportamentos agressivos na estrada em comportamentos que espelhem uma condução defensiva, promotores de um viagem segura e serena.

Assim, antes de iniciar a condução, é importante estar ciente de que vai praticar uma tarefa potencialmente perigosa e que exige a sua plena atenção. Nesta perspectiva, é fundamental ter em consideração os seguintes aspectos:

  • respeito pelas regras e sinais de trânsito;
  •  regulação da velocidade em função das circunstâncias;
  •  distância de segurança;
  •  não ingerir bebidas alcoólicas ou fármacos que afectem a condução;
  • ouvir música calma;
  • utilizar a buzina correctamente;
  • evitar conduzir se estiver perturbado emocionalmente;
  • conceder aos outros condutores tempo para procederem às suas manobras;
  • pedir desculpa perante um erro.

 

Para quê a agressividade?

publicado às 11:41

Tanta roupa e nada para vestir!

por oficinadepsicologia, em 27.06.12

E tanta emoção e nada para sentir!

 

 

Autora: Débora Água-Doce

Psicóloga Clínica

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Débora Água-Doce

Cada vez mais existe uma maior oferta de estilos, as tendências surgem a um ritmo alucinante e entram na nossa vida sem pedir licença, são as montras fantásticas, as revistas com estilos brilhantes, a televisão, a internet, etc., etc., tudo é viável no que toca a publicar Moda e a questão que se coloca é: conseguimos resistir a tanta beleza?

Umas vezes, sim, outras vezes, não. Muitas vezes torna-se difícil resistir, principalmente para quem é amante de Moda ;) e claro está, adoramos que os modelitos façam parte do nosso Guarda-Roupa!

 

O facto de não conseguirmos resistir a um modelito de cortar a respiração ou a um estilo que poderá provocar muitos “estás gira!”, gera um consumo exagerado que ao fim de algum tempo, provoca o caos do Guarda-Roupa e apesar de termos looks fantásticos dentro do nosso “Armário de Sonhos” acabamos por proferir a expressão “Tanta Roupa e nada para Vestir”!

O que vestir para ir trabalhar? O que vestir para ir a uma festa? O que vestir para ir jantar fora? O que vestir para ir passear? O que vestir…?

Apesar de termos tanta Roupa, não sabemos o que fazer com ela, o que coloca a necessidade de realizar uma selecção do que é prático, do que é sofisticado, do que é versátil…

Do que nos faz sentir bem!

 

Mas… O que tem isto da Roupa a ver com Emoções?

 

Tal como as peças de Roupa que se amontoam no nosso “Armário de Sonhos”, também as nossas Emoções se amontoam na nossa Vida, gerando muitas vezes, também elas um caos, o caos Emocional.

E o que fazer com as Emoções? Para que servem elas?

Também servem para “embelezar” quem somos?

A Emoção também surge sem pedir licença! Surpreende-nos, submerge-nos e transforma-nos! Dá-nos a perfeita noção de que não somos apenas razão e autocontrolo.

A Roupa e a Emoção são comuns principalmente num aspecto: PREPARAM-NOS PARA A ACÇÃO!

Tal como na Moda, não existe o bonito e o feio, existe o gosto pessoal, também não podemos rotular as emoções de boas ou más, positivas ou negativas. Simplesmente, podem umas ser mais agradáveis e outras mais desagradáveis, ambas com o papel de nos orientar para a sobrevivência.

Há pouco, falei-vos da existência de vários tipos de roupa de acordo com determinadas ocasiões, mas, será que as emoções, quando adaptativas, também se configuram diferencialmente? Têm papéis diferentes?

Claro que sim!

As emoções desagradáveis protegem-nos do perigo e orientam-nos para objectivos e para acções específicas.

As emoções agradáveis motivam-nos para explorar o mundo que nos rodeia de forma proactiva e devolvem a harmonia depois de experiências emocionais desagradáveis.

 

A Psicanálise contribuiu para a nossa compreensão do modo como as pessoas se defendem das realidades emocionais dolorosas, mas o que torna as pessoas felizes?

Para muitas pessoas, até o simples aceitar de um elogio é algo muito difícil. Frequentemente as pessoas arranjam maneira de sabotar a sua própria felicidade, receando o risco de alcançarem o que realmente desejam, com medo que no fim as coisas corram mal!

Mas as pessoas têm essa capacidade! Está lá escondida no íntimo de nós, tal como aquele vestido rosa que ficou no fundo do armário. Ouse em procura-lo!

 

Permita-se a experienciar sentimentos bons. Permita-se a ver num perigo, uma oportunidade.

Permita-se a sentir Emoções em determinadas situações, não se conforme em conhecer a sensação de apenas uma ou duas. Permita-se a sentir o “tecido” que as caracteriza e “vista” aquelas que melhor lhe assentam!

publicado às 10:09

Desconstruindo a rejeição

por oficinadepsicologia, em 27.04.12

Autora: Fabiana Andrade

Psicóloga Clínica

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Fabiana Andrade

Quem é que nunca se sentiu rejeitado? Abandonado? Aposto que a maioria já experienciou a rejeição ou ainda vai experienciar!

Hoje numa sessão, a minha cliente referia como se sentia rejeitada pelo namorado que saiu da relação que tinha com ela.

A medida que ela falava, parecia que ficava cada vez mais pequena e que ele, na minha fantasia, ficava cada vez maior. Com o poder de a “deixar”.

 

Comecei a pensar sobre a noção de rejeição, algo que está presente em nós desde sempre. Percebi que cada vez que alguém se sente abandonado, excluído, posto de parte por outra ou outras pessoas, automaticamente surge no pensamento a ideia:”fui rejeitado”, e a sensação de rejeição que traz tristeza, falta de energia, falta de apetite entre outras manifestações desconfortáveis.

 

Mergulhando nas incontáveis histórias de rejeição que já ouvi, encontro vários indícios prévios de que a relação não estava bem, que a sintonia já não existia e entendemos que na verdade, a tal “rejeição” não passou apenas de um culminar de várias situações. Muitas vezes pergunto à pessoa “rejeitada” se ela mesma gostaria de continuar na relação e muitas vezes a resposta que ouço é algo como: “não sei”, “já tinha pensado em terminar”, “não sei se ainda gosto dele/a”. Ou seja, estamos na verdade perante uma situação de “desencontro” emocional ENTRE duas pessoas onde uma delas toma uma decisão de sair. E não numa situação onde um forte, que já não ama, decide abandonar o outro, frágil, que ainda ama muito.

 

Então surgem as questões: O que leva um a sair e não o outro? O que leva então, a pessoa que não decide sair, a sentir-se rejeitada? Amo alguém que não me ama?

Perante essas dúvidas, sentei-me diante das minhas notas e fui pesquisar o que acontecia nas histórias dessas pessoas. Encontrei algumas respostas que me permitem generalizar algumas explicações.

 

Olhando para a pessoa que sai da relação, percebi que a decisão muitas vezes foi precipitada e favorecida por uma série de factores que se encontravam presentes no momento:

Ex: ganhavam mais; estavam mais realizados no trabalho; tinham uma rede mais sólida de suporte; tinham conhecido alguém por quem se interessavam; tinham casa própria ou a casa alugada estava em nome dele/a.

 

Quero dizer com isso que, na maioria das vezes, aquilo que facilita a que uma determinada pessoa tome a decisão de sair de uma relação, são um determinado conjunto de factores que se encontram presentes no momento que favorecem uma sensação de maior segurança.

Por exemplo, num casal que se separa, como é o caso da minha cliente, a relação já sofria com a falta de comunicação, de carinho, de sintonia. Mas, num determinado momento, o namorado, que se encontrava numa condição profissional favorável, viu-se numa posição propícia a tomada de decisão.

 

Muitas vezes essa tomada de decisão confunde-se (na mente do “rejeitado”) com ausência de afecto – “ele/ela, não gosta mais de mim.

Chegamos então à segunda questão, o que leva a pessoa que não decide a sentir-se rejeitada? Para responder a essa questão fui buscar na história dessas pessoas, a origem do sentimento de rejeição, tentando dessa forma, entender como começou a experiência, quais eram as suas características e os seus gatilhos.

 

Encontrei nos diferentes relatos muitas respostas comuns, tais como:

- quando me sinto rejeitado sinto-me fraco/pequeno/impotente/sem força

- a primeira vez que me senti rejeitado foi na infância, pelos: pais, irmãos, amigos

- quando me sinto rejeitado sinto que o amor me foi retirado/que não mereço ser amado

- ele/ela é melhor do que eu/não vou encontrar ninguém tão bom

 

Olhando para essas respostas, o que vemos? Em primeiro lugar vemos uma confusão entre a decisão do outro de sair da relação, com a noção de amor retirado ou não merecido, esta liga-se com a crença errada de que o outro é melhor do que eu.

Estas noções estão na base da sensação de rejeição e colocam a pessoa num lugar desnivelado da relação com o outro, isso não permite o desenvolvimento saudável da relação.

 

Se a pessoa à partida não está com a sua auto estima num “sítio” saudável, se tem crenças negativas erradas sobre si mesmo, isso não permite que ela esteja numa relação de uma forma feliz e saudável. Essa pessoa sente que o outro está lá a cumprir uma função, sente que precisa do outro. Assim, tem de se esforçar para que o outro não se vá embora. A relação perde a leveza, a espontaneidade e a incondicionalidade.

Observamos que as primeiras sensações de rejeição começam na infância onde de facto existe a sensação do outro ser mais forte/maior, e por isso pode nos deixar. No entanto, fico com a sensação de que trazemos essa mesma sensação para a nossa vida adulta, onde ela já não deveria existir, dando lugar a uma simetria onde não há um forte e um frágil, e sim dois iguais em processe e em movimento constante.

Ao responder a terceira questão, “amo quem não me ama?”, provavelmente chegaremos à raiz do problema! Será que amar alguém que não me ama é possível?

 

As pessoas saudáveis amam-se a si próprias e aos outros incondicionalmente, aceitam-se como são, verificando suas forças e suas fragilidades, adaptando-as ao contexto, de uma forma construtiva. Essas pessoas, perante uma decisão do outro de sair da relação, observam que a decisão teve a ver com o processo do outro, não pondo em causa a si próprias. Não confundem o afecto, que é intocável, com o processo de cada um. Ao mesmo tempo, amam o outro e querem o seu bem, respeitando assim o seu próprio processo.

 

Assim, seria impossível ser saudável e continuar a amar alguém e a querer estar com alguém, que toma uma decisão no sentido contrário.

Ao desembrulharmos o afecto da decisão do outro, entendemos que quando alguém sai da minha vida, isso não diz nada sobre mim e sim sobre o percurso e o timing do outro. A rejeição deixa de ser um conceito que existe no nosso vocabulário e passamos a falar em desencontro.

Também interiorizamos o respeito pelo processo do outro e pelo nosso próprio processo. Se eu me amo, só fará sentido estar com alguém que também quer estar comigo, qualquer outra coisa será inaceitável.

 

Trabalhar no sentido de uma auto-estima forte e saudável, vai ajudar-nos também, a interpretar de uma forma construtiva os desencontros naturais que ocorrem sempre na vida de cada um, em vez de usá-los para nos diminuir ou maltratar.

publicado às 10:05


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