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Abrace os pontos de interrogação da sua vida!

por oficinadepsicologia, em 24.06.12

Autora: Filipa Jardim Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim Silva

Já lhe apeteceu substituir todos os pontos de interrogação que habituam a sua mente por pontos finais? Suponho que sim, mas não será necessário fazer isso. Termos a capacidade de colocar questões face ao que nos acontece, ao que somos e ao que fazemos é um dos motores essenciais do nosso desenvolvimento e consequente mudança. Existirá uma diferença entre o autoquestionamento saudável e construtivo e a insegurança persistente que leva a colocar-se em causa.

 

Aprender a ser introspetivo traz diversos benefícios. Introspeção significa a capacidade para olharmos para dentro de nós de uma forma não avaliativa ou de julgamento. Muitos de nós quando param para se observar internamente tendem a ser muito críticos e a avaliar-se de uma forma punitiva. Esta estratégia não é útil ou produtiva nem conduz a uma mudança positiva. Quando as nossas expectativas não são cumpridas ou estamos emocionalmente feridos por um evento ou circunstância particular, ao invés de sermos introspetivos muitas vezes de imediato caímos em atos de autocomiseração ou ficamos zangados, com nós mesmos ou com os outros; nenhum destes métodos produz resultados positivos.

 

Podemos procurar alguns exemplos que clarifiquem a diferença entre olharmos para nós de um ponto de vista de julgamento ou sermos introspetivos e constatar os efeitos diferenciados que estes métodos provocam.

Imaginemos que teve uma entrevista de emprego e que no final sente que foi excluído.

Julgamento: “Como é que eu não soube a resposta aquela pergunta? Sou mesmo falhado. Porque é que não me preparei suficientemente bem? Nunca vou conseguir nada da vida!” – O resultado desta autoanálise punitiva e que generaliza um episódio específico é sentir-se com menos valor e menor confiança o que poderá prejudicar o desempenho numa entrevista futura e originará uma desmotivação crescente que se pode traduzir numa desistência de procurar emprego.

Introspeção: “Eu realmente não sabia as respostas para aquelas perguntas. Deduzi que sabia o que a entrevistadora ia perguntar e não me preparei devidamente. Na próxima entrevista a que for para este tipo de emprego, vou saber que material tenho de estudar melhor o que me fará sentir mais preparado.” – Com uma autoanálise construtiva consegue identificar a sua falha, compreender como surgiu e retirar uma aprendizagem do erro o que diminui as probabilidades de repeti-lo; sobretudo não existe aqui a extrapolação de um erro para uma característica de personalidade (“errei numa entrevista logo sou um falhado”). Mais do que se autoinfligir com julgamentos, na introspeção existe um olhar e uma visão para os nossos comportamentos diferenciados do nosso valor enquanto pessoas.

 

O autoquestionamento leva-nos a tornar introspetivos. Por exemplo, imagine colocar a si próprio uma questão enquanto está a sofrer emocionalmente: “Porque é tão difícil para mim confiar nos outros?”. Uma das respostas introspetivas que poderá surgir será algo como “talvez seja difícil para mim confiar nos outros porque cresci sempre inseguro. Em miúdo, os adultos importantes para mim entravam e desapareciam da minha vida sem aviso prévio. Se calhar por isso nunca aprendi a sentir-se seguro. É isso que preciso agora, sentir-me mais seguro para conseguir começar a confiar mais nas pessoas do meu presente.” Percebe-se que o autoquestionamento ajuda a desbloquear-nos a nível emocional. Quando nos sentimos emocionalmente presos é como se estivéssemos entorpecidos, como se o nosso coração estivesse algo anestesiado e daí surge a sensação de que nos perdemos algures no caminho. Esta é uma experiência que todos nós experimentamos de vez em quando. Será nestes momentos em que a estratégia adotada fará diferença entre um bloqueio emocional temporário reativo e ajustado às circunstâncias de vida e uma perda crescente de recursos psicológicos em que não conseguimos fazer mais do que nos autoflagelar.

 

Não deite fora os pontos de interrogação da sua vida, faça deles caminho para explorar novos percursos e perceba que são as questões que coloca a si mesmo de uma forma construtiva que o levam a conseguir arranjar respostas diferentes e progressivamente mais eficazes!

publicado às 19:12

O síndrome da Fada Sininho

por oficinadepsicologia, em 29.04.12

Autora: Filipa Jardim Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim Silva

Peter Pan é um menino que mora na Terra do Nunca, um lugar onde não tem de crescer e onde os dias nunca são iguais. Entre os seus amigos destaca-se a Fada Sininho, uma fiel companheira que o protege e lhe alimenta um conjunto de fantasias procurando o agradar incessantemente.

 

Se olharmos à nossa volta ou mesmo para dentro de nós talvez reconheçamos características da fada Sininho. Mulheres com elevados desempenhos, tendencialmente bem sucedidas na vida profissional, que transmitem uma postura de independência que não raras vezes atrai mas também assusta alguns homens, divididas entre acreditar e investir numa relação estável e duradoura e a opção de ficarem sozinhas pontualmente acompanhadas. A Psicoterapeuta francesa Sylvie Tenenbaum considera o autor do conto de Peter um visionário, no sentido em que desenhou um conjunto de personagens – Peter Pan, Wendy e Fada Sininho – que hoje podem assumir-se como arquétipos modernos.

 

Existem alguns homens que sentem alguma relutância em crescer e assumir os desafios que chegam com as responsabilidades, tal como o Peter Pan. Mas também existem mulheres que se sentem impelidas a assumir um papel de proteção, tal como a fada Sininho, ainda que nem sempre se permitindo a amar verdadeiramente ou respeitando as suas necessidades e limites. E assim se conjugam forças ambivalentes, em que por um lado existe a procura de conexão íntima e a necessidade de cuidar do outro e por outro lado um medo de perder o controlo e ficar dependente. Não sendo possível mantermo-nos sempre emocionalmente controlados, o que tende a suceder é uma sensação de vazio prolongado no tempo em que de relação em relação, ainda que cuidando do outro e fazendo-o encantar, nada ressoa verdadeiramente porque não será possível sentir-se o outro sem nos colocarmos vulneráveis, isto é, sem nos permitirmos dar a conhecer com todos os riscos que isso implica. O que também acaba por acontecer um dia, sem aviso prévio e ainda que seguindo todos os passos do guião do controlo, é que o corpo cede e a mulher perde-se de amores, de uma forma tão avassaladora e intensa que pode ficar transitar para o outro extremo, o da incapacidade de se gerir emocionalmente.

 

Esta tentativa de evitamento da vulnerabilidade encarando-a como sinal de fraqueza leva a que muitas vezes passemos a viver as nossas vidas desempenhando um personagem como se se tratasse da vida de outra pessoa que não nós.

 

Em primeiro lugar, importará recuperar a menina pequenina dentro de todas estas mulheres para restaurar as suas fundações emocionais. Por debaixo dos medos, defesas, zangas e máscaras tenderá a encontrar-se tristeza e algumas fragilidades base, como “eu não sou suficientemente boa” ou “não consigo me proteger”, que necessitam ser reparadas, reajustadas ao momento presente tantas vezes diferente do passado, permitindo então reaprender formas diferentes de se relacionar e de se colocar na relação com o outro, partindo sempre de uma base de auto-aceitação e segurança interna que é criada de dentro para fora.

publicado às 09:13

Insatisfação com o corpo

por oficinadepsicologia, em 06.03.12

Autora: Filipa Jardim Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim Silva

A imagem corporal refere-se à percepção de uma pessoa da estética e atratividade sexual do seu próprio corpo. O conceito de imagem corporal foi apresentado pelo neurologista austríaco e psicanalista Paul Schilder no seu livro A imagem e aparência do Corpo Humano (1935). A sociedade humana tem, em todos os momentos, dado grande valor à beleza do corpo humano, mas a percepção de uma pessoa do próprio corpo pode não corresponder aos padrões da sociedade.

O conceito de imagem corporal é usado em diversas disciplinas, incluindo a psicologia, medicina, psiquiatria, psicanálise, filosofia e os estudos culturais e feministas. O termo também é usado frequentemente nos media. Através destas disciplinas e meios de comunicação não existe uma definição consensual.

A Imagem corporal de uma pessoa é pensada para ser, em parte, um produto de suas experiências pessoais, da sua personalidade e de várias forças sociais e culturais. O sentido de uma pessoa da sua própria aparência física pode moldar a sua imagem corporal junto de outras pessoas. A percepção de uma pessoa da sua aparência pode igualmente ser diferente de como os outros percebem que ela realmente é.

A imagem do corpo pode ter uma ampla gama de efeitos psicológicos e efeitos físicos. Segundo o Dr. Aric Sigman, um biólogo britânico, o facto de algumas mulheres admirarem padrões de beleza com baixo peso e se sentirem insatisfeitas com o seu corpo terá uma mudança imediata na química do cérebro diminuindo a auto-estima e podendo aumentar a auto-aversão. Os investigadores nesta área notam que as pessoas com uma imagem corporal baixa vão tentar alterar o seu corpo de alguma forma, por dieta ou cirurgia plástica.

 

 

Espelho, espelho,
Um resumo dos resultados da investigação sobre a imagem corporal



Estamos todos mais obcecados com a nossa aparência do que gostaríamos de admitir. Mas isso não é uma indicação de 'vaidade'. Vaidade significa presunção, orgulho excessivo em sua aparência. Preocupação com a aparência é normal e compreensível. Pessoas atraentes têm vantagens distintas em nossa sociedade. Estudos mostram que:

  • Crianças atraentes são mais populares, tanto com colegas e professores. Os professores dão as avaliações mais altas para o trabalho de crianças atraentes e têm expectativas mais elevadas deles (que foi mostrado para melhorar o desempenho).
  • Candidatos atraentes têm mais hipóteses de conseguir emprego, e de receber salários mais elevados.
  • No tribunal, as pessoas atraentes são culpados menos frequentemente. Quando considerados culpados, eles recebem sentenças menos severas.
  • O "viés de beleza 'opera em quase todas as situações sociais - todos os estudos mostram que se reage de forma mais favorável às pessoas fisicamente atraentes.
  • Nós também acreditamos em "o que é bonito é bom" estereótipo - uma crença irracional, mas profundamente arraigada de que as pessoas fisicamente atraentes possuem outras características desejáveis, tais como competência, inteligência, habilidades sociais, de confiança - até mesmo a virtude moral. (A boa fada / princesa é sempre belo, a madrasta malvada é sempre feio)

Não é de surpreender que a atratividade física seja de extrema importância para nós.

Preocupação com a aparência não é apenas uma aberração da cultura ocidental moderna. Cada período da história teve seus próprios padrões do que é e não é bonito, e toda a sociedade contemporânea tem o seu próprio conceito distinto dos atributos físicos ideais. No século 19 ser bonito significava vestir um espartilho - causando respiração e problemas digestivos. Agora todos tentam dieta e exercício físico - muitas vezes com consequências ainda mais graves.

Mas apesar de parecer existir pontos em comum relativamente à nossa preocupação com a aparência com os nossos antepassados e outras culturas, há uma diferença no grau de preocupação. Avanços na tecnologia e em particular o aumento dos meios de comunicação têm causado preocupações normais sobre a forma como nos olhamos e no caminho para tornar-se obsessão.

 

Como? 3 razões:

  • Graças à comunicação social, os padrões de beleza tornaram-se extremamente rígidos e uniformes.
  • Na TV, outdoors e revistas vê-se pessoas bonitas permanentemente.
  • Os padrões de beleza têm, de facto, se tornado mais difícil de atingir, especialmente para as mulheres. Os meios de comunicação atuais difundem ideais de magreza para as mulheres que são realizáveis em menos de 5% da população feminina.

Mesmo as pessoas muito atraentes por vezes sentem inseguranças. Esquecemos que existem desvantagens em se ser atraente: as pessoas atraentes estão sob uma pressão muito maior para manter a sua aparência. Além disso, estudos mostram que as pessoas atraentes não se beneficiam do "viés para a beleza" em termos de auto-estima.

 

Imagens e reações: o que vemos e como nos sentimos sobre o corpo

O que as pessoas vêem e como eles reagem ao seu reflexo num espelho irá variar de acordo com: espécie, sexo, idade, etnia, orientação sexual, humor, transtornos alimentares, o que assiste na TV, as revistas que lê, estado civil, que tipo de infância que teve, em que fase do ciclo menstrual está, gravidez,…

 

Género

Todas as pesquisas até o momento sobre a imagem corporal mostram que as mulheres são muito mais críticas com a sua aparência do que os homens - muito menos propensos a admirar o que veem no espelho. 8 em cada 10 mulheres ficarão insatisfeitos com o seu reflexo, e mais da metade pode ver uma imagem distorcida.

Os homens quando se olham no espelho são mais propensos a sentir-se satisfeitos com o que veem ou indiferentes. A pesquisa mostra que os homens geralmente têm uma imagem corporal muito mais positiva do que as mulheres – eles tendem a superestimar a sua capacidade de atracção.

Porque serão as mulheres muito mais auto-críticas do que os homens? Porque as mulheres são mais julgadas pela sua aparência do que os homens, e os padrões de beleza feminina são consideravelmente maiores e mais inflexíveis. As mulheres são constantemente bombardeadas com imagens do rosto 'ideal' e figura - o que Naomi Woolf chama de "o organismo oficial '. A exposição constante às imagens idealizadas de beleza feminina na TV, revistas e outdoors torna os padrões excepcionais e a boa aparência parece normal e tudo o que é aquém da perfeição parece anormal e feio. Estima-se que as mulheres jovens agora veem mais imagens de mulheres excepcionalmente belas num dia do que as suas mães viram durante toda a sua adolescência inteira.

Além disso, a maioria das mulheres tenta conseguir o impossível: os padrões de beleza. Os meios de comunicação atuais promovem ideais para as mulheres realizáveis em menos de 5% da população feminina - e isso é só em termos de peso e tamanho. Se falarmos da forma ideal provavelmente é mais parecido com 1%.

 

 

Idade


Crianças: No Feminino a insatisfação com a aparência - má imagem do corpo - começa numa idade muito precoce. Os bebés humanos começam a reconhecer-se no espelho com cerca de dois anos de idade. Os seres humanos do sexo feminino começam a não gostar do que veem apenas alguns anos mais tarde. As últimas pesquisas mostram que meninas muito jovens iniciam dietas porque acham que estão gordas e não são bonitas. Numa pesquisa americana, 81% das meninas com 10 anos de idade já fizeram dieta pelo menos uma vez. Um recente estudo sueco descobriu que 25% das meninas com 7 anos haviam igualmente feito dieta para perder peso, com questões precoces de "distorção da imagem corporal”. Estudos semelhantes no Japão descobriram que 41% das meninas do ensino primário (algumas de 6 anos) pensavam acerca de si como sendo gordas. Mesmo as meninas com peso normal e baixo peso querem perder peso.

Os meninos são significativamente menos críticos da sua aparência: num estudo com raparigas com peso normal essas meninas expressaram significativamente mais preocupações sobre sua aparência do que um grupo de meninos obesos.

 

Adolescentes: Os meninos passam por uma fase curta de insatisfação em relação à sua aparência no início da adolescência, mas as mudanças físicas associadas à puberdade levam-nos rapidamente para mais perto do ideal masculino - ou seja, altos, mais largo nos ombros, mais musculoso, etc.

Para as meninas, no entanto, a puberdade só piora as coisas. As mudanças físicas normais - aumento de peso e gordura corporal, principalmente nos quadris e coxas - afasta-as do ideal cultural de magreza anormal. Um estudo da Universidade Harvard mostrou que até dois terços de raparigas de 12 anos com baixo peso se consideravam muito gordas. Aos 13 anos, pelo menos 50% das meninas são significativamente infelizes com a sua aparência. Por volta dos 14 anos, as raparigas tendem a ser mais focadas apresentando insatisfações específicas (quadris e coxas). Até aos 17 anos, apenas 3 em cada 10 meninas não seguiram uma dieta - até 8 de 10 sentir-se-ão infelizes com o que veem no espelho.

 

Adultos: Entre as mulheres maiores de 18 anos, a pesquisa indica que, pelo menos, 80% estão insatisfeitas com o que veem ao espelho. Muitas tendem a não ver um reflexo preciso, mas sim uma percepção distorcida da sua real imagem. vão mesmo estar vendo um reflexo preciso. Um número crescente de mulheres normais e atraentes, sem problemas de peso ou clínicos distúrbios psicológicos, olha-se no espelho e refere ver gordura e aspectos feios.

Na pesquisa mais recente, há alguma evidência de um aumento na insatisfação corporal entre os homens. Bem como em alguns inícios da adolescência, homens submetidos à chamada "menopausa no masculino"- isto é, homens entre as idades de cerca de 45 e 60 - têm mais probabilidade de estar insatisfeito com sua aparência. Quando os homens estão insatisfeitos, os principais focos de preocupação são a altura, estômago e barriga, e perda de cabelo.

 

Grupo étnico

Há algumas exceções para estas regras. As mulheres negras e asiáticas geralmente têm uma forma mais positiva da imagem corporal do que as mulheres caucasianas, embora isso dependa do grau em que tenham aceite os padrões de beleza da cultura dominante.

Um estudo de imigrantes mexicanos nos Estados Unidos descobriram que aqueles que haviam imigrado após a idade de 17 anos foram menos afetados pelo ideal super-fino do que aqueles que tinham 16 anos ou menos quando foram para os EUA. Num estudo da Universidade de Washington, as mulheres negras com auto-estima elevada e um forte senso de identidade racial, na verdade classificaram-se como mais atraentes do que fotos de modelos brancas com o suposto padrão de beleza “ideal”. Num outro estudo cerca de 40% de mulheres negras moderada e severamente obesas classificaram os seus tamanhos de roupa como requisitos para se ser atraente ou muito atraente.

 

Orientação sexual

Estudos recentes mostram que os homens homossexuais experimentam uma maior insatisfação corporal do que os homens heterossexuais, enquanto as mulheres homossexuais têm uma forma mais positiva da imagem corporal do que as mulheres heterossexuais. Isto parece ser principalmente devido à maior ênfase na aparência na cultura masculina gay - embora seja possível que a estabilidade das relações (ver abaixo) possa também ser um factor.

 

TV & Revistas

As reações das pessoas ao seu reflexo no espelho podem depender da exposição recente a imagens idealizadas de atratividade física. Estudos têm mostrado que as pessoas tornaram-se significativamente mais insatisfeitas com sua própria aparência depois de terem visualizado anúncios de TV com pessoas extremamente magras e bonitas. Ao grupo de controlo não mostraram anúncios relacionados cin a aparência e observou-se que não existiu alteração da classificação da sua própria atractividade.

Embora muitos programas de TV mostrem pessoas atraentes, os anúncios tendem a usar as imagens mais idealizadas, com recurso a programas informáticos de aprimoramento da imagem. O mesmo se aplica à leitura de revistas de moda. Experiências recentes mostraram que a exposição a fotografias de revistas de modelos super-magras aumenta a propensão e desenvolvimento de quadros como a depressão, stress, culpa, vergonha, insegurança, insatisfação corporal e aumento do estereótipo de mulher magra ideal.

 

Casado ou solteiro

Geralmente, as pessoas em relações estáveis (não necessariamente casadas) têm uma forma mais positiva da imagem corporal do que os solteiros. Isso aplica-se a todas as idades, embora um estudo americano acerca do comportamento no namoro adolescente mostrou que os adolescentes que estão integrados em grupos de amigos têm uma melhor imagem corporal do que aqueles que saem sozinhos com o seu namorado ou namorada.

 

Gravidez

Vários estudos têm indicado que as mulheres grávidas têm uma forma mais positiva da imagem corporal do que os não-gestantes - apesar do distanciamento da forma do corpo 'ideal', as suas preocupações sobre deixar de corresponder a esse ideal são reduzidos durante a gravidez.

 

Transtorno Dismórfico Corporal

Também conhecido como Dismorfofobia. Estas pessoas apresentam um nível extremo de perturbação da imagem corporal, insatisfação corporal, auto-consciência e preocupação com a aparência, que as leva a experimentar as reações mais negativas face ao espelho.

 

Obesidade

O preconceito contra o excesso de peso na nossa cultura é de tal forma severo que as pessoas obesas (principalmente mulheres) tendem a ter uma muito má imagem do seu corpo, para além de manifestações de ansiedade severa e depressão (estudos mostram que o bem-estar mental das mulheres obesas é pior) que pode conduzir a que estejam cronicamente doentes ou até mesmo gravemente incapacitadas. Muitos dstes problemas não são causados ​​pela obesidade em si mas pela pressão social e a associação de beleza a magreza.

 

Aceitação das normas socioculturais

A maioria de nós está consciente da ênfase da nossa sociedade sobre a importância da aparência. Mas nem todos nós aceitamos ou "internalizamos" esses padrões, não pelo menos de uma forma tão intensa e rígida: indivíduos com uma personalidade mais forte e definida, que rejeitam os padrões atuais, são mais propensos a ter uma imagem corporal positiva.

 

 

Adaptado de Kate Fox, de 1997.

publicado às 10:36

O bébé nasceu

por oficinadepsicologia, em 03.10.11

Autora: Filipa Jardim da Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim da Silva

A maior parte das pessoas descreve a sua vida A.B. e D.B., ou seja, antes do bebé e depois do bebé. O nascimento de um filho é um marco de mudança, descrito por muitos com um misto de nostalgia pelos tempos anteriores de maior disponibilidade, aceitação das novas rotinas, realização pela concretização do papel parental, satisfação pela nova etapa familiar.

 

Independentemente das especificidades de cada relação conjugal, a chegada do primeiro filho é provavelmente a maior mudança da vida de um casal. Tudo muda em relativamente pouco tempo e em alguns casos as bases da relação são afectadas pelas alterações que se impõem. O maior desafio prende-se, em muitas situações, em lidar com as mudanças emocionais que resultam deste acontecimento, que nem sempre são equivalentes no homem e na mulher nem passíveis de serem previsíveis. Para além das alterações hormonais na mulher que ocorrem ao longo da gravidez e depois do parto, responsáveis por alguma labilidade emocional com a qual nem sempre é fácil lidar, há mudanças que surgem aquando da adopção do papel parental. O amor que um pai e uma mãe experienciam imediatamente após o nascimento do seu primeiro filho é de tal modo intenso e avassalador que origina frequentemente interrogações que até à data nunca haviam surgido.

 

É normal que os membros do casal atravessem uma fase que oscila entre o embevecimento com o seu bebé e a sensação de anulação, o que reforça a importância que cada um faça um esforço para que a ligação não se perca. A mudança requer adaptação, e consequentemente tempo e tolerância. A comparação com outros casais revela-se inútil e desgastante pelo que é importante aceitar que não há famílias perfeitas, nem super-homens ou mulheres. Cada caso é único e as necessidades de cada membro de cada casal devem ser claramente partilhadas para que a comunicação seja eficaz e o projecto de construção de uma família feliz posso continuar.

publicado às 10:13

Quando a lógica dos cuidados se inverte

por oficinadepsicologia, em 13.09.11

Autora: Filipa Jardim Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim Silva

Imagine-se uma criança com um repertório de problemas de saúde realmente dramático mas que apesar disso, apresenta sintomas muito vagos ou que não se agravam sem razão aparente. Imagine agora a mãe desta criança, muito preocupada e atenciosa, que passa dia e noite no hospital, a pressionar constantemente os médicos para sujeitar o seu filho aos exames mais rigorosos, a todos os procedimentos cirúrgicos necessários e a pressioná-los a prescreverem medicamentos, revelando já um grande conhecimento da terminologia médica. Permanentemente insatisfeita pelos diagnósticos inconclusivos, esta mãe leva o seu filho a diferentes profissionais e unidades de saúde, registando-se frequentes hospitalizações.

 

Nada lhe desperta a atenção? Esta mãe pode sofrer de síndrome de Munchausen por procuração, uma doença mental rara mas grave, reconhecida há séculos mas que permanece um mistério, difícil de diagnosticar e de tratar. Esta síndrome ocorre quando um cuidador, geralmente a mãe (85 a 95%), provoca deliberadamente problemas de saúde na criança ou convence os outros de que o seu filho está muito doente, fingindo ou induzindo sintomas, constituindo uma forma de abuso infantil. Os médicos acabam por pedir análises, realizar exames, receitar medicamentos e até hospitalizar a criança. Este comportamento do progenitor prolonga-se no tempo, envolvendo a fabricação dos sintomas (inventando-os ou causando-os) e a manipulação do tratamento (para adiar a “cura”).

 

publicado às 18:21

Preparar, iniciar e acelerar rumo à auto-confiança

por oficinadepsicologia, em 05.09.11

Autora: Filipa Jardim da Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim Silva

Se tivesse um baú de recursos e competências à sua disposição e lhe pedisse para eleger aquele que considera que lhe seria mais útil nas mais diversas situações de vida, provavelmente escolheria a auto-confiança. Não é por acaso que pessoas com uma postura activa, segura e decidida atraem confiança e admiração dos pares, enquanto alguém constantemente nervoso, atrapalhado e inseguro sente-se mais facilimente criticado e sozinho. Muitos sentem-se perdidos na aventura em busca da auto-confiança, podendo ficar emaranhados num ciclo de auto-desvalorização, desesperança, incapacidade de lidar com obstáculos e dificuldades e mais inferioridade.

A boa notícia é que existem mapas para esta aventura e que a auto-confiança pode realmente ser aprendida e construída. Como? – perguntará. Não se constrói por magia nem em poucos minutos. Constrói-se numa viagem, que implica preparação, fazer-se à estrada e por fim acelerar em direcção ao sucesso. Como para qualquer viagem, é necessário assegurar-se que leva todos os mantimentos e utensílios necessários.

 

Preparação da Viagem

Primeiro prepare a sua mochila com a substituição do guião do seu diálogo interno, de incapacitante e sabotador para positivo e encorajador; os pensamentos positivos pesam menos e incentivam a ir mais longe. Depois registe os feitos já alcançados, o que lhe permitirá reconhecer com mais facilidade o sucesso e bem-estar quando surgirem na sua viagem. Pense nos seus pontos fracos e fortes e nas oportunidades e obstáculos do seu caminho, e isso permitirá gerir os seus recursos optimizando as competências e encontrando soluções para as dificuldades. Segue-se a definição de metas: onde quer chegar no final desta viagem e quais as paragens que necessita fazer para gerir o esforço e se abastecer. No início, é melhor estabelecer pequenas etapas, um pequeno passo é suficiente para iniciar uma grande mudança. Na sua mochila não entram os conceitos “desistência” nem “fracasso”, pelo que se porventura se sentir tentado a levá-los, coloque-os de parte e lembre-se que perante as dificuldades da viagem reavaliará os objectivos definidos e poderá ter de traçar novas estratégias, mas continuará sempre, persistentemente, no caminho rumo à meta estabelecida.

 

 

publicado às 12:06

Mães e filhas adultas

por oficinadepsicologia, em 31.08.11

Autora: Filipa Jardim da Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim da Silva

 

publicado às 11:20

Quando o "eu" se perde por entre as máscaras

por oficinadepsicologia, em 18.08.11

Autora: Filipa Jardim da Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim da Silva

Todos nós vivemos em sociedade, desempenhando diferentes papéis em contextos diversos. É nessa diversidade de cenários que surge a necessidade de adoptarmos diferentes atitudes sociais, guiões adaptados a cada público-alvo; a esta estratégia de adaptação social dá-se o nome de máscara social. É por isso que nos vestimos de forma diferente consoante estamos em casa, no trabalho, na praia ou numa festa, usamos um tipo de linguagem mais ou menos formal dependendo se estamos a falar numa reunião de trabalho ou num jantar entre amigos, adoptamos uma postura mais ou menos contida variando em função do grau de familiaridade que temos com as pessoas à nossa volta.

Já em 1926 Bertolt Brecht, dramaturgo, poeta e encenador alemão do séxulo XX, utilizou a palavra “gestus” para se referir às atitudes sociais nas inter-relações dos personagens, defendendo que o “gesto social” que abarca o tom de voz, a gestualidade, as atitudes e a vestimenta , é o que permite construir em pleno um personagem pelo actor que o representa.

 

Mas aquilo que é um recurso útil e que nos possibilita adequar a cada ambiente e integrarmo-nos socialmente, muitas vezes se multiplica em excesso cedendo à pressão das expectativas dos que nos rodeiam e das exigências dos meios onde circulamos. Por outro lado, cedo se percebe que uma máscara social pode constituir uma muralha entre o nosso Eu e os outros, uma muralha que absorve os golpes e as tentativas de ataque, para que no fim do dia o Eu esteja intacto. Mas sendo no contacto com o outro e na vivência de cada experiência de vida que nos construimos, o adormecimento constante do Eu pode levar-nos a questionar: quem somos afinal?

 

Vivemos assim num jogo de máscaras, entre o que somos, o que achamos que devíamos ser, o que queríamos ser e o que os outros esperam que sejamos. A determinada altura pode tornar-se uma tarefa difícil sentir a nossa pele por entre as várias camadas de verniz de polimento numa tentativa de aperfeiçoamento ou defesa do “Eu” verdadeiro.

É esta necessidade de auto-conhecimento e reencontro com o Eu profundo e real que leva muitas pessoas a iniciar um processo psicoterapêutico, no qual o papel de cada máscara é pensado e compreendido, cada camada de polimento é desmontada deixando cair rótulos e juízos de valor, e é trabalhado o Eu-ideal a par do Eu-real, que pode ser reforçado com as competências necessárias sem com isso perder autenticidade e valor.

publicado às 17:46

Fome emocional vs fome real

por oficinadepsicologia, em 16.08.11

Autora: Filipa Jardim da Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim da Silva

 

Quantos de nós já devorámos um pacote de bolachas enquanto aguardamos por um telefonema importante, parámos na pastelaria a caminho de casa em busca de consolo por um dia mau ou oferecemos a caixa de biscoitos favoritos para animar a sobrinha triste? A comida conforta, e este efeito reconfortante está presente em quase todas as fases da vida ou culturas. A fome começa então a surgir quando determinada situação se apresenta e o que comanda o comportamento de ingestão alimentar são as emoções e não as necessidades nutricionais.

 

Este tipo de padrões alimentares enquadra-se dentro da designada fome emocional, a chamada fome sem fome, uma fome que não tem ligação com a sustentação da vida, que não surge por sinais fisiológicos (fome real), pelo contrário ignora-os, e que se relaciona fortemente a factores psicológicos podendo constituir uma estratégia para lidar com o cansaço e stress, uma forma de ataque ao próprio corpo ou um mecanismo de compensação face a emoções negativas.

 

O problema principal advém da repetição destes episódios de ingestão alimentar, sendo que o prazer e bem-estar associado aos alimentos aquando da ingestão inicial, rapidamente dá lugar a sentimentos de culpa, perda de controlo e arrependimento, tendendo a repetir-se o mesmo padrão numa situação futura de tristeza e ansiedade, iniciando-se assim um ciclo vicioso de crises de gula.

 

 

 

publicado às 15:00

Não consigo parar de comer!

por oficinadepsicologia, em 12.08.11

Autora: Filipa Jardim da Silva

Psicóloga Clínica

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Filipa Jardim da Silva

Apesar de se ouvir falar menos, o Binge Eating constitui, tal como a bulimia e a anorexia nervosa, uma doença do comportamento alimentar. Este distúrbio é caracterizado por episódios de ingestão descontrolada de comida, pelo menos 2 dias por semanas durante pelo menos 6 meses, e consequente aumento de peso. Na maioria das vezes, a grande ingestão de comida não significa que a pessoa sinta fome, mas sim uma vontade incontrolável e inexplicável de comer, à qual tende a seguir-se sentimentos de culpa e vergonha, o que leva a que muitos destes episódios aconteçam quando a pessoa está sozinha. A voracidade alimentar assemelha-se à bulimia no que respeita à elevada ingestão de alimentos mas, ao contrário desta, não é provocado o vómito nem é feito qualquer tipo de comportamento compensatório do excesso alimentar.

 

De um modo geral, as pessoas com crises de voracidade alimentar sentem-se fora de controlo, perdidas num ciclo vicioso de ingestão alimentar excessiva, sentimentos de culpa e arrependimento, restrição alimentar/ dieta e nova ingestão alimentar voraz.

 

O problema da compulsão alimentar tem muitas vezes origem na infância aquando da formação dos hábitos alimentares, em que a comida pode ser associada a compensação, amor, conforto ou a uma forma de ultrapassar o stress e conflitos emocionais. O excesso de peso serve igualmente de escudo, sobretudo quando se tratam de vítimas de abuso sexual, constituindo uma estratégia de desinvestimento no corpo com vista a tornarem-se menos atraentes e a manterem os outros à distância.

 

 

 

publicado às 10:44


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