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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Inês Mota
Psicóloga Clínica
Manter-se uma boa comunicação entre pais, após a separação e sobretudo uma comunicação sobre a separação é uma necessidade presente e constante, mas muito difícil de ser conseguida.
No entanto, se os pais, após a separação pretenderem manter-se informados sobre o universo dos filhos, parece sensata a manutenção da comunicação entre ambos, de forma que parece incontornável conseguir-se “olhar de frente” este fenómeno complexo denominado comunicação.
Olharmos de frente o fenómeno comunicação significa também reconhecermos que ele é frequentemente composto por ardilosas minas e armadilhas: os famosos mal entendidos, que se estendem a todas as palavras mal compreendidas e mal interpretadas.
De facto, como explicar que com frequência, após a separação, cada um dos pais defenda coisas que vão no sentido do melhor interesse dos filhos e seja frequentemente interpretado pelo outro como algo de duvidoso em relação a ele ou à sua intenção? A resposta parece ser provavelmente a ineficácia da comunicação e a tendência repetida para se gerar mal-entendidos.
Segundo Cloutier, Filion e Timmermans existem atitudes que promovem uma comunicação eficaz em contexto de separação como:
- Transmitir mensagens claras, contextualizadas e focadas nas situações presentes, ou seja falar de uma coisa de cada vez ao invés de se comunicar mensagens baralhadas ou contaminadas por histórias antigas: muitas vezes e sob pretexto de um problema concreto da criança, os pais rapidamente acabam por falar de uma questão antiga sobre a qual não haviam estabelecido acordo, o que acaba por aumentar a probabilidade de terminarem a discutir, ao mesmo tempo que se afastam do contexto atual dos problemas da criança.
- Desenvolver e fortalecer uma capacidade importantíssima, a capacidade de escuta em dois movimentos: utilizar um ouvido para ouvir e compreender o que o outro está a dizer, e utilizar-se o outro ouvido para nos ouvirmos a nós mesmos e percebermos assim o que nos sentimos tentados a dizer de forma imediata, e assim gerirmos adequadamente esta pulsão que nos leva tendencialmente a agir no sentido de cortar a palavra ao outro.
- Devolver o compreendido: na comunicação é importante não apenas o que é dito, mas também o que é compreendido. Ao transmitirmos o que foi compreendido permitimos que o outro se dê conta da importância que atribuímos às suas afirmações. Por outro lado enfraquecemos a tendência do outro poder começar a dizer “não importa o quê”, ao não se sentir escutado. Normalmente observa-se que quando um dos pais não se está a sentir ouvido tem tendência a falar mais alto, mas como isto raramente funciona o passo seguinte passa a ser dizer palavras ofensivas.
Dominar a arte de falar, ouvir e compreender, após a separação é tarefa preciosa, pois se da comunicação ineficaz nascem os conflitos, da comunicação eficaz nascem as soluções!
Fonte: Cloutier, R., Filion, L., Timmermans, H. (2006) Quando os pais se separam…Para melhor lidar com a crise ajudar a criança, Climepsi Editores, Lisboa
Autora: Irina António
Psicóloga Clínica
Sabia que muitos dos problemas relacionais se alimentam com energia das expectativas não realizadas de um ou de ambos os parceiros. Expectativas não expressas, ou expressas de uma maneira ilegível para outra pessoa, ou ainda declaradas em forma de sermões e obrigações. As mesmas despertam o sentimento de frustração, sendo que todos queremos experienciar o momento de transformação da expectativa em realidade.
Saber falar das suas expectativas é uma competência relacional importante. A pessoa que está do outro lado precisa de saber o que esperamos dela, o que ajuda a trilhar caminho mais seguro para uma relação “transparente”: o outro sabe do seu desejo e pode manifestar se está ou não está disponível para o realizar. Vamos explorar os passos desta comunicação.