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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Inês Mota
Psicóloga Clínica
Todos sabemos a dificuldade de permanecer em equilíbrios estáveis nas relações e igualmente conhecemos a forma com os conflitos parecem adquirir uma força própria e poderosa para se instalarem nas relações, definindo-lhes muitas vezes um rumo perigoso.
Pode por isso ser importante aproximar a lupa a este fenómeno tão predominante e tão nefasto.
Uma característica importante dos conflitos, que nos permite perceber a força quase maquiavélica com que às vezes se impõem, é a forma como muitas vezes são implícitos e não manifestos, não permitindo assim àqueles que o reforçam, perceber e resolver a questão em disputa (pelo menos de forma imediata).
Outra característica que certamente conhece dos conflitos é a forma como nos conseguem deixar completamente desorientados e extenuados, pois de facto, em conflito, a energia utlizada para o alimentar é na realidade dissipada, desgastando-se, escoando-se e perdendo-se, ao invés de ser aproveitada de forma útil e produtiva.
Um outro fenómeno associado aos conflitos é a turbulência que criam, ou seja é gerada uma “corrente de ar turbulenta” que funciona como o atrito, gerando travagem, anulando assim o impulso para gerar movimento. A turbulência é instável e cria lentidão de reações, por isso nos é tão difícil, em conflito, reagir de forma orientada e orientadora mas tão facilmente de forma dispersante.
Todas estas reações sucedem no conflito, pois normalmente os envolvidos debatem-se para manter um equilíbrio que se perdeu, reagindo assim ao que interpretam como a ameaça da mudança.
E é assim que é gerado e alimentado o conflito, com elevados consumos de energia que é utilizada, no entanto, de forma completamente contraproducente. Concretizando, veja-se os casos em que os envolvidos numa relação em conflito sistematicamente se atacam e recriminam, como fazem apelo ao medo com ameaças ou se julgam aparentemente ligados pela corrente energética cada vez mais consumida do conflito.
Se se debate com estes fenómenos e características na sua relação, esta poderá ser a altura ideal para refletir e poder ousar procurar o encontro com a mudança.
Avance, este poderá ser um importante momento de viragem, na sua relação e/ou na sua vida e procurar ajuda pode ser também um passo importante a dar.
A arte a conhecer e desenvolver será conseguir traduzir o que o conflito parece estar a gritar, conseguir interromper a forma como o está a alimentar, o que lhe permitirá armazenar energia que poderá conseguir usar para gerar movimento no caminho da mudança.
Assim, aprendendo como usar de forma produtiva, a energia em desgaste no conflito, conduzirá certamente a um caminho de mudança, de enriquecimento e crescimento pessoal.