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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Inês Mota
Psicóloga Clínica
Manter-se uma boa comunicação entre pais, após a separação e sobretudo uma comunicação sobre a separação é uma necessidade presente e constante, mas muito difícil de ser conseguida.
No entanto, se os pais, após a separação pretenderem manter-se informados sobre o universo dos filhos, parece sensata a manutenção da comunicação entre ambos, de forma que parece incontornável conseguir-se “olhar de frente” este fenómeno complexo denominado comunicação.
Olharmos de frente o fenómeno comunicação significa também reconhecermos que ele é frequentemente composto por ardilosas minas e armadilhas: os famosos mal entendidos, que se estendem a todas as palavras mal compreendidas e mal interpretadas.
De facto, como explicar que com frequência, após a separação, cada um dos pais defenda coisas que vão no sentido do melhor interesse dos filhos e seja frequentemente interpretado pelo outro como algo de duvidoso em relação a ele ou à sua intenção? A resposta parece ser provavelmente a ineficácia da comunicação e a tendência repetida para se gerar mal-entendidos.
Segundo Cloutier, Filion e Timmermans existem atitudes que promovem uma comunicação eficaz em contexto de separação como:
- Transmitir mensagens claras, contextualizadas e focadas nas situações presentes, ou seja falar de uma coisa de cada vez ao invés de se comunicar mensagens baralhadas ou contaminadas por histórias antigas: muitas vezes e sob pretexto de um problema concreto da criança, os pais rapidamente acabam por falar de uma questão antiga sobre a qual não haviam estabelecido acordo, o que acaba por aumentar a probabilidade de terminarem a discutir, ao mesmo tempo que se afastam do contexto atual dos problemas da criança.
- Desenvolver e fortalecer uma capacidade importantíssima, a capacidade de escuta em dois movimentos: utilizar um ouvido para ouvir e compreender o que o outro está a dizer, e utilizar-se o outro ouvido para nos ouvirmos a nós mesmos e percebermos assim o que nos sentimos tentados a dizer de forma imediata, e assim gerirmos adequadamente esta pulsão que nos leva tendencialmente a agir no sentido de cortar a palavra ao outro.
- Devolver o compreendido: na comunicação é importante não apenas o que é dito, mas também o que é compreendido. Ao transmitirmos o que foi compreendido permitimos que o outro se dê conta da importância que atribuímos às suas afirmações. Por outro lado enfraquecemos a tendência do outro poder começar a dizer “não importa o quê”, ao não se sentir escutado. Normalmente observa-se que quando um dos pais não se está a sentir ouvido tem tendência a falar mais alto, mas como isto raramente funciona o passo seguinte passa a ser dizer palavras ofensivas.
Dominar a arte de falar, ouvir e compreender, após a separação é tarefa preciosa, pois se da comunicação ineficaz nascem os conflitos, da comunicação eficaz nascem as soluções!
Fonte: Cloutier, R., Filion, L., Timmermans, H. (2006) Quando os pais se separam…Para melhor lidar com a crise ajudar a criança, Climepsi Editores, Lisboa
Autor: Gustavo Pedrosa
Psicólogo Clínico
A chegada de uma criança com deficiência geralmente torna-se num momento bastante traumático e de mudanças, dúvidas e confusão. A maneira como cada família lida com esse evento influenciará decisivamente na construção da identidade do grupo familiar e, consequentemente, na identidade individual dos seus membros. O próprio grupo familiar é obrigado a desconstruir os seus modelos de pensamento e a recriar uma nova gama de conceitos que absorva a realidade.
A família tem o papel social de criar e desenvolver a individualidade, num sistema onde se busca a autorrealização dos seus membros. Com o nascimento de um filho com deficiência (física ou mental), a sua estrutura razoavelmente estável, a definição de papéis e o estabelecimento de regras, de acordo com os seus próprios valores, exige aos seus membros uma redefinição desses mesmos papéis, de acordo com os novos valores e padrões de comportamento, para se ajustarem ao novo estilo de vida. Na criação de novas regras, papeis e capacidades, a família, geralmente confusa, necessita de algum aconselhamento psicológico. No entanto, a maioria das famílias aprende através da tentativa e erro. A cada mudança, impacto ou crise, a família deverá ser restruturada.
O nascimento de uma “criança especial” traz muitas mudanças especiais. Na reação a esta criança podem surgir diversos tipos de reação:
- Encarar o problema de um modo realista;
- Negar a realidade da deficiência;
- Lamentações e compaixões dos pais, para com a sua pouca sorte;
- Ambivalência em relação à criança, ou seja, rejeição e projeção da dificuldade como causa da deficiência;
- Sentimentos de culpa, vergonha e depressão e padrões de mútua dependência.
Geralmente são vivenciadas fases distintas, de negação, adaptação e aceitação.
A primeira fase é de Negação. Os pais não querem acreditar no diagnóstico, não se encontrando a família preparada para conviver com algo dessa natureza. Até porque, a família esperava o nascimento de um bebé saudável, sem problemas. Os sentimentos de culpa, rejeição ou desespero, alteram as relações sociais da família e a sua própria estrutura. Os sentimentos de culpa e vergonha pela criança deficiente levam a que os pais se sintam culpados e envergonhados por os sentirem. Todas estas reações são comuns a todas as pessoas, perante situações de frustração e o conflito. Assim, muitos dos sentimentos destes pais são compartilhados por outros pais em diversas fases da sua vida. O receio da reação da família alargada, e da sociedade em geral, ligadas às dificuldades em conviver com as diferenças, leva a família a isolar-se. Algumas famílias lançam uma interminável busca por outros diagnósticos que possam negar a deficiência. Esta fase pode prolongar-se por dias, meses ou anos.
Depois desta fase, os pais começam a perceber que o seu filho apresenta necessidades que necessitam de ser atendidas prontamente.
Inicia-se então a segunda fase, de Adaptação, quando a família elaborou a perda (fez o luto) da “criança saudável” previamente concebida no imaginário familiar, começando a adequar-se ao diagnóstico, procuram informar-se e entender o mesmo. A família começa a perceber o deficiente como um ser humano genuíno, integral e pleno de significado.
Na fase da Aceitação acontece um maior e mais realista contacto com a criança e a sua deficiência. Os pais tronam-se mais participativos, procurando mais apoio, sugestões e esclarecimento. Alguns reconhecem que a tristeza e a frustração são sentimentos que devem ser encarados com naturalidade. Em geral ainda apresentam uma postura superprotectora, mas que com o tempo tende a diminuir.
Quando a criança com algum deficit deixa de ser vista pela sua deficiência e passar a ser entendida como uma pessoa integral, decorre um novo olhar, atitudes e posturas.
Os pais podem entrar em contacto com a deficiência do seu filho de várias maneiras. Poderá ser muito antes de o bebé nascer, quando são feitos exames na fase pré-natal. Mas grande parte das deficiências é apenas diagnosticada após o parto.
Independentemente do momento em que os pais entram em contacto com a deficiência do seu filho, e de quão fortes e maduros possam ser, essa é sempre uma situação envolta em muita dor, medo e incerteza. Além da família, também os técnicos de saúde têm dificuldades em lidar emocionalmente com o diagnóstico e a sua transmissão aos familiares. As atitudes destes técnicos são tão diversas como:
- Omissão e transferência para terceiros (outros técnicos de saúde);
- Transmissão da notícia de forma destrutiva, como se os pais não devessem esperar nada da criança;
- Minimização dos problemas, prometendo um futuro fantasioso;
- Transmissão da notícia de forma impessoal e distante, sem explicações do problema e sem empatia.
O ideal é que o profissional tenha conhecimento técnico da sua área e que possa ter uma atitude de empatia com a família. A família necessita de ser informada e encaminhada para a resposta às necessidades da situação.
Autora: Fátima Ferro
Psicóloga Clínica e educacional
A promoção da saúde mental tornou-se crucial para qualquer sociedade sendo considerada um sinal de qualidade de vida, levando a um olhar mais atento de todos os profissionais que trabalham nesta área.
Do ponto de vista da saúde mental infantil, a compreensão das etapas de desenvolvimento do ciclo vital é fundamental, é nela que se estrutura o psiquismo e se constituem os recursos essenciais numa perspectiva de evolução. Dentro deste âmbito é necessário percebermos que se tornaram comuns os problemas infantis de foro psiquiátrico, que um número significativo destes problemas podem ter um mau prognóstico e que muitas das perturbações da idade adulta têm as suas raízes em factores de risco da infância.
Uma intervenção inicial na promoção de competências que visem aumentar o bem-estar pode ter efeitos preventivos importantes, como é o caso do aumento da auto-estima e da diminuição do comportamento anti-social.
O campo da psicopatologia desenvolvimental clarificou de que forma os aspectos do comportamento normativo, tais como as relações com o grupo ou a auto-estima podem estar ligados à propensão para problemas posteriores, como, por exemplo a depressão e o comportamento anti-social. Os problemas com as relações interpessoais entre iguais, parece aumentar o risco de ocorrência de perturbações na infância e no inicio da adolescência.
Outros factores de extrema importância são os factores de risco familiar. As crianças cujos progenitores sofrem de problemas de saúde física ou mental têm sido foco de considerável atenção. Vários estudos de crianças cujos pais sofrem de perturbação afectiva demonstram a importância das intervenções na família.
Os mecanismos psicossociais por meio dos quais o distúrbio nos pais influencia o desenvolvimento das crianças parecem ser, principalmente, a discórdia familiar e a interferência com as funções parentais.
A maior possibilidade que as crianças com problemas de conduta e perturbações emocionais (especialmente as que foram diagnosticadas numa idade precoce) têm de mudar o seu comportamento, reside principalmente na melhoria dos factores circunstâncias familiares, nas relações positivas de grupos de pares e nas boas experiências escolares.
À laia de exemplo, as crianças agressivas provocam, muitas vezes, retaliações e provocações nos outros, o que incrementa e amplia o desenvolvimento dos seus problemas anti-sociais, tendo igualmente a probabilidade de serem rejeitadas pelos pares que são menos agressivos. Estas crianças cometem desde cedo, erros e distorções no que são as percepções face às atitudes do outro, assumindo, com frequência, uma intenção agressiva onde ela não existe.
Por serem rejeitadas, as crianças que têm este tipo de características tendem a tornar-se amigas. O que reforça ainda mais o aumento do risco de desenvolvimento do comportamento anti-social, e agrava os seus problemas de conduta.
Considerando as intervenções, o alvo deverá ser não só a criança mas também o meio envolvente, os pais, os professores e as escolas onde as crianças passam a maior parte do tempo.
Como observadores mais próximos da saúde e do bem-estar da criança, os pais devem atender às suas próprias dúvidas e intuições. Se por algum motivo o aspecto do seu desenvolvimento, seja ele motor cognitivo, emocional ou comportamental os preocupa, deverão pedir ajuda.
Para concluir, o que salientamos ao longo de todo este processo de análise, é a importância da Saúde Mental como uma prioridade educativa e uma perspectiva de intervenção multimodal como prevenção, referente aos vários contextos onde a criança se insere, desta forma promover-se-á também factores de resiliência e saúde mental dos, professores e pais.
Autora: Tânia da Cunha
Psicóloga Clínica
As depressões não se manifestam unicamente nos adultos. As crianças também podem sofrer desses sintomas e esses casos são mais frequentes do que geralmente se pensa. O problema é que muitas vezes a sintomatologia depressiva nas crianças é desvalorizada.
Durante muito tempo a depressão em crianças e adolescentes passou despercebida, não sendo alvo de muita atenção ou preocupação. Estima-se que cerca de dois por cento do total de crianças em idade escolar e aproximadamente cinco por cento dos adolescentes sofrem de depressão. No entanto, muitas vezes torna-se difícil fazer o diagnóstico, precisamente porque nestas idades é frequente que a depressão se manifeste simultaneamente com outras doenças.
Para além de uma predisposição genética, há outros factores que facilitam o aparecimento de uma depressão durante a infância. Um desses factores é a mudança natural do jardim infantil para a escola primária. O meio envolvente da criança age pois como uma influência directa.
Outro factor verifica-se quando os pais têm frequentemente discussões violentas e o ambiente em casa nada tem de afectuoso e de acolhedor para a criança.
Os primeiros sintomas de uma perturbação na primeira infância começam a manifestar-se quando a criança é ainda bebé. Uma das causas possíveis será o facto de separar da mãe uma criança de tenra idade, não lhe proporcionando uma relação estável com uma outra pessoa que a substitua. O sofrimento pode sobressair de diversas formas, desde o choro constante até à falta de apetite.
As crianças em idade pré-escolar expressam esse sofrimento mais através da mímica, da expressão do rosto, do que por palavras. Também pela observação da postura corporal se podem detectar sinais do seu estado anímico.
Quanto às crianças já em idade escolar, é importante dar atenção ao que elas nos dizem. Se lhes fizermos perguntas para explorar o seu estado de espírito, ou se estivermos atentos àquilo que pretendem transmitir pelas suas atitudes, saberemos que não se sentem suficientemente amadas.
Existem determinados aspectos, como a expressão de uma tristeza profunda, que nos podem indicar sintomas depressivos numa criança. Simultaneamente a este estado psíquico e de uma diminuição da auto-estima, pode também manifestar-se um comportamento agressivo. Muitas crianças começam nesta fase a mentir cada vez mais, ou a evidenciar a prática de furtos. De modo geral, estas crianças tornam-se inseguras e revelam problemas de relacionamento. Tem se verificado que existem dificuldades no comportamento em grupo e que reagem pelo isolamento social.
No final da adolescência pode manifestar-se uma atitude triste e deprimida. A ausência de esperança e o medo do futuro podem até dar origem a uma fuga à realidade, através do consumo de drogas.
É inquietante o facto de as queixas depressivas de uma criança ficarem muitas vezes sem tratamento até à idade adulta. Lembre-se que o diagnóstico precoce e uma intervenção adequada são factores decisivos.
Muito se tem falado deste conceito tentando perceber-se aquilo que está certo ou errado, sendo algo que causa alguma insegurança aos pais, que tentam fazer o melhor que podem e que sabem.
Todos sabemos não só pelas nossas experiências, como pelos relatos que ouvimos de familiares e amigos, que perante a mesma situação muitos pais agem de formas diferentes.
Por vezes parecemos alquimistas experimentando isto e aquilo juntando em ensaios tudo o que são os nossos ingredientes, tentando criar a fórmula mágica de resolução de problemas.
Não existe no entanto uma estratégia infalível, há regras básicas que nos demonstraram serem as mais eficazes, mas como cada adulto é único e cada criança é diferente de todas as outras, qualquer regra deverá ser adaptada à situação concreta sendo o bom senso um ingrediente imprescindível.
Cada pai educa o melhor que sabe e pode e não se devem fazer comparações com outros pais ou com outras crianças, pois estas podem traduzir-se em frustrações tanto para estes como para elas.
No processo de educação, a persistência será um dos fatores de maior relevância para se conseguir alcançar os nossos objetivos e deverá traduzir-se num processo de aprendizagem feito de avanços e recuos. Por isso é importante não desanimar e nem desistir nesta árdua tarefa, cada um deve confiar nas suas capacidades e nas potencialidades do seu filho.
Costuma-se dizer que as únicas pessoas que acham que é fácil educar uma criança são as que não tiveram nenhuma, e faz parte do processo de aprendizagem estarem sempre a testar os limites, a desafiar regras tentando perceber onde termina a sua liberdade e começa a autoridade. O grande trabalho da disciplina passa pelo investimento na prevenção numa fórmula essencial de 90% de prevenção e 10% de punição demonstrando-se que aquilo que fazemos tem consequências que podem ser boas ou más.
Não devemos esquecer que não há crianças nem pais perfeitos, é importante conhecer o temperamento dela, o seu grau de desenvolvimento e de maturidade. Quanto mais velha ela for, mais difícil será mudar o que está mal, por isso, o melhor é começar já.
Quanto a nós pais, é fundamental sabermos quais são os nossos pontos fortes e os nossos pontos fracos, quais as nossas limitações, quais os aspetos com os quais sabemos lidar melhor, e quais os que lidamos pior, e quais os momentos em que devemos pedir ajuda.
E não se esqueça, também faz parte do papel de ser pai ou mãe frustrar os seus filhos, eles não podem ter tudo o que querem ou comportar-se sempre da forma que desejam. É importante estabelecer limites pois as crianças precisam deles para se sentirem seguras.
O nosso papel é ensiná-las a lidar com as frustrações e não a evitá-las.
O grande objetivo não é só termos uma criança obediente, é termos crianças capazes de estabelecer os seus próprios limites e as suas próprias regras, emocionalmente estáveis possuidoras de valores fundamentais, e capazes de também elas virem a educar os seus próprios filhos sendo adultos felizes integrados na sua família e comunidade.
Maria de Fátima Ferro
Psicóloga Educacional e Psicóloga Clínica
Formação Profissional em Educação Parental
A depressão das crianças e dos adolescentes tem uma apresentação diferente da dos adultos e, por isso, comporta um risco elevado de não ser correctamente identificada por pais e professores e, portanto, de ficar por tratar. Os pais apenas se apercebem de uma diferença na forma de estar dos seus filhos, para a qual tentam ir encontrando explicações que lhes pareçam razoáveis face ao que conhecem deles – o rendimento escolar pode baixar sem razão aparente, ou o jovem pode demonstrar explosões inexplicáveis de agressividade, ou retirar-se em isolamento, ou o sono altera-se, ou surgem queixas físicas, ou… Existem muitas expressões de uma mesma realidade: depressão juvenil.
Por sabermos da dificuldade na identificação de um estado depressivo numa criança ou adolescente, a equipa MindKiddo - www.mindkiddo.com - vai oferecer o rastreio à depressão a 40 jovens (até aos 16 anos). As avaliações irão decorrer em Lisboa, ao longo do mês de Janeiro e são inteiramente gratuitas, ainda que limitadas aos 40 primeiros pedidos.
Para poder beneficiar desta avaliação e poder ficar tranquilo a propósito do seu filho, basta enviar um email para contacto@mindkiddo.com, pedindo para marcar o rastreio à depressão juvenil.
Fique bem e a sua família também!
Autora: Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica
A “escola dos crescidos” (leia-se 1º ciclo), em contraste com a “escolinha” (leia-se jardim de infância) é um local repleto de desafios para as crianças. É ali que as crianças estabelecem relações com os pares, de forma mais autónoma, “experimentam” a sua identidade e são expostas a uma variedade de novas pessoas, tradições e rotinas. É aqui que se começa a definir a relação da criança com a escola, contexto ao qual dedicará várias horas e energia ao longo dos próximos anos. Este novo contexto, paralelamente com a pressão para obterem bons resultados escolares, pode ser bastante stressante para as crianças. A pressão desmesurada em relação à escola pode levar a sentimentos negativos intensos que podem conduzir à depressão, à ansiedade e a problemas comportamentais. Ajudar a criança a compreender e a lidar com os sentimentos stressantes é fundamental para a promoção do seu bem-estar e para o desenvolvimento da sua capacidade de obter sucesso na escola e na sociedade.
Todos nós, do mundo dos crescidos, sabemos como reagimos mal ao stress constante. Porque achamos que as crianças conseguem reagir de forma distinta da nossa? Toda a pressão imposta às crianças não resulta em melhores desempenhos ou melhores notas nos testes. Pelo contrário, em muitos casos, conduz a sintomas de ansiedade e depressão e a uma ampla sensação de tristeza.
Boas notícias… O cenário não tem de, necessariamente, ser tão cinzento! Há algumas estratégias que pode adoptar para ajudar os seus filhos a gerir a pressão e aliviar as respostas de stress.
E-mail recebido
"Bom dia.
Gostaria de pedir a Vossa opinião em relação ao comportamento do meu filho, após a entrada na Infantil.
Meu filho tem 3 anos e esteve sempre em casa comigo. Na semana passada começou a frequentar a infantil e não tem corrido nada bem. A caminho da escola, conversamos e ele diz todo o tempo que não gosta do Colégio. Eu digo que ele já é crescido e todos os meninos crescidos vão para o Colégio para fazer amigos, brincar e aprender a fazer coisas divertidas. Prometo-lhe que vou lá estar até que a professora vá para a sala com eles e que nessa altura ele terá que dar um beijinho e seguir para a sala com os colegas. Com alguma relutância e com um ar triste, mas sem chorar, ele cumpre o prometido e vai para a sala de aula. Quando vou buscá-lo, abraça-me e chora por um longo período e as auxiliares informam-me que ele chora imenso na hora do almoço, vomita e na hora do lanche recusa-se a provar tudo que é novo.
Tudo o que relatei até agora, parece-me "normal" na fase de adaptação de qualquer criança, sobretudo uma criança que esteve 3 anos em casa com a mãe. O que me preocupa é o facto de o meu filho ter pesadelos todas as noites, com crises de choro e enquanto dorme diz: "Mamã, mamã, quero a minha mamã". Não consigo acalmá-lo, falo com ele, digo que estou ali, pego-o ao colo, mas ele não reage, continua aos prantos, a chamar por mim. As crises de choro têm sido cada dia mais intensas e até mesmo no fim de semana isso ocorreu.
Penso que falhei quando coloquei o meu filho desde o primeiro dia de escola, durante o horário integral (das 10h às 16h), mas neste momento sinto que estarei agindo de forma errada, se diminuir o seu tempo no infantário.
Estou completamente perdida e não sei o que fazer. Ficarei extremamente agradecida se puderem me dar alguma ajuda.
Os meus melhores cumprimentos,
JC"
E-mail recebido
"Gostaria apenas que alguém me desse um Conselho. É a 1ª vez que eu e meu marido vamos sair 2 dias sem os nossos filhos.
Não sei bem como lhe hei-de dizer pois eles vão querer ir também. A minha filha só consegue adormecer com o pai. Na 1ª noite acho que ainda dá para arranjar a desculpa que fomos buscá-los mas que estavam a dormir, e na 2ª? É mais complicado.
Por outro lado não sei se lhes devo mentir ou dizer a verdade mesmo que fiquem a chorar. Tenho muito medo que fiquem com medo e com algum trauma.
Como devo fazer?
Grata pela atenção
EC"
E-mail recebido
"Boa tarde,
Tive conhecimento do vosso site através da minha irmã, e como tem conhecimento da situação que me preocupa, aconselhou-me a pedir ajuda e aqui estou eu ...
Tenho 41 anos, sou casada e temos um filho com 12 (faz 13 a 22 Set) e ele é o motivo da preocupação, é uma criança, penso que mais um jovem, sociável, um aluno razoável, poderia ser melhor mas é muito preguiçoso (o que nestas idades penso que todos são um bocadinho), de um modo geral acho que não me posso queixar, é um excelente filho ...
Mas, o problema é que existem algumas situações que se têm vindo a arrastar ao longo destes anos e que eu não acho que seja saudável para ele (nem para nós pais) continuar a crescer assim:
- tem uma "dependência psicológica" de mim (mãe) que não acho saudável, por exemplo, esteve de férias com a tia, durante uma semana e para além de ligar uma série de vezes durante o dia para saber se estava tudo bem, enviava uma série de msn, se por acaso eu não atendia o telemóvel ou se não respondia naquele instante à msn, ele insiste quase sem dar tempo de eu responder, parece que ele tem que tomar conta de nós e não ao contrário ...
- o meu marido trabalha por turnos e muitas vezes não dorme em casa, logo ele dorme comigo (se calhar não o deveria fazer), mas o dormir é quase em cima de mim, porque a cama é larga, mas a perna, o braço e mais de metade do corpo dele tem que estar agarrado ao meu ! Se for eu a passar uma noite fora de casa, o dormir com o pai já não é problema, ele dorme no quarto dele e não fica aborrecido !
- Quando eu e o pai saímos para o trabalho, quer saber que chegamos bem, acho que tem um pavor de nos perder e de ficar sozinho, que não faz muito sentido !
É um conjunto de situação que não acho que sejam muito normais para a idade dele, e a realidade, é que esta "obsessão" que eu acho que ele sente, principalmente por mim,
não é nem vai ser benéfica na vida dele, e apesar de ele já ter sido acompanhado à uns 2 anos por uma psicóloga de quem ele até gostava, acho que o assunto não ficou resolvido na cabeça dele ... existem medos que não são expressos por palavras ( e ele até fala muito), mas as atitudes que tem não me parecem adequadas.
Também sei, que este será um tema dificil de se responder por mail, mas queria saber que me aconselham a procurar ajuda especializada, consultei no vosso site as consultas, mas também não sei muito bem se será uma consulta para criança ou para adulto, pois nem sei se ele estará disponivel para ir, pois ele não acha que essas atitudes sejam inadequadas para a idade dele.
Fico a aguardar um conselho, sugestão ...
Muito Obrigado,
E"