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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
Em diversas conversas que acontecem no dia-a-dia surge, por vezes, o tema relações. E, com isto, é bastante comum ouvir falar-se de um ponto ou de outro que causam insatisfação.
Perante esta insatisfação, é também bastante comum que muitas pessoas, quase sem se darem conta, procurem outra que lhes permita viver as emoções que não vivem com o companheiro(a).
Mas com que intenção? Em muitos dos casos, a intenção não é a de serem infiéis mas sim, simplesmente, de se gratificarem, de voltarem a sentir-se vivas. No entanto, encontrar alguém por quem se possam apaixonar torna-se uma possibilidade, gerando um conflito ainda maior.
Quando o afastamento do companheiro é notado e existe a suspeita de que há outra pessoa na sua vida, a pessoa depara-se com diversos sentimentos dolorosos, que se traduzem em pensamentos, como: “há alguém melhor do que eu”; “há alguém que desperta mais simpatia, que é mais atraente e mais inteligente do que eu”.
É muito comum constatar que vários casais se foram afastando ao longo dos anos e, quando aparece a suspeita da existência de uma terceira pessoa, negam que estivessem atravessar uma crise na sua relação. É como se sentissem que tudo está bem e que, do dia para a noite, alguém está prestes a destruir tudo.
E o que se pode fazer em situações destas? Em muitos casos, é provável que não haja nada mais do que um pequeno cortejo que tem como objectivo restaurar parte da auto-estima perdida. Por um lado, o pior que se pode fazer nestes casos é chantagem emocional, ou seja, fazer o outro sentir-se culpado do que se está a passar e acusá-lo sem ter fundamentos suficientes.
É preciso ter em conta que o simples facto de sentir atracção por outra pessoa não é algo repreensível em si, por mais doloroso que seja para o outro, daí que culpá-lo por sentir uma atracção não faça sentido. Por outro lado, as culpas podem funcionar durante algum tempo, mas quando alguém se adapta a elas, cada censura que surge pode gerar uma profunda irritação.
O que fazer então?
A comunicação numa relação é um dos factores mais importantes para que ambos a sintam como satisfatória. Neste sentido, será benéfico para os dois tirar um tempo, de preferência a sós, para reflectir seriamente sobre o que está a falhar na relação. E, assim, não deitar as culpas nem para si próprio nem para o outro.
Não se trata de procurar as culpas, mas sim as causas, e então pensar no que se deseja: se fazer o esforço para melhorar a relação ou acabar. Se se decidiu a continuar a relação, seduza, para que seja possível recuperar as emoções perdidas.
Nestes momentos, recuperar os velhos interesses e pedir apoio aos amigos é bastante importante e, assim, não sentir vergonha.
E, por último, tirar da cabeça o suposto rival, não dirigir o ódio ou a amargura para o que, de momento, não é mais do que um fantasma.
Se a crise que o casal atravessa não é profunda, esta é uma grande oportunidade para que as coisas melhorem, caso ambos o pretendam. Será necessário falar sem rancores sobre o que está a acontecer, com sinceridade e sem censuras. E tentar entender, sobretudo, o que cada um precisa do outro e pensar, seriamente, se está realmente disposto a proporcioná-lo.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
Como é sabido, as mulheres costumam ter uma maior compreensão dos seus próprios sentimentos e emoções do que os homens.
Muitas delas sentem-se, não poucas vezes, frustradas e inseguras porque os seus companheiros são incapazes de demonstrar o que sentem. Isso leva-as a sentirem-se confusas, pois não sabem o que esperar da relação.
Esta situação torna-se por vezes mais difícil quando a mulher pergunta ao seu companheiro “o que sentes por mim?” e este responde com total sinceridade “Não sei” ou então “Suponho que gosto de ti porque caso contrário não estava contigo, não é?”
Em Psicologia, pessoas que parecem nunca sentir nada denominam-se por alexitímicos. Para estas pessoas, o que acontece não é que não disponham de sentimentos, mas não conseguem expressá-los.
As pessoas alexitímicas quase nunca se zangam ou choram e, quando o fazem, sentem-se muito desconcentradas, porque não entendem o que se está a passar com elas nem qual o motivo do choro.
Claramente, não têm a menor consciência dos seus próprios sentimentos e, assim, são incapazes de articular uma única palavra sobre o que estão a sentir. E por surgir desconforto perante situações que podem despoletar em si sentimentos, acabam por evitar as mesmas a todo o custo.
É provável que haja nos alexitímicos uma desconexão do sistema límbico, gestor das emoções, com o neocórtex, sobretudo com os centros verbais. De acordo com vários estudos, nestes casos, o neocórtex não pode classificar os sentimentos nem dar-lhes palavras, por isso, é como se não existissem, como se não pudessem tomar consciência deles.
O que deve ficar claro, em última instância, é que estas pessoas que parecem totalmente insensíveis e que não carecem de sentimentos, afinal desconhecem-nos e não conseguem expressá-los. Além disso, podem sentir as alterações corporais que acompanham as emoções, como taquicardia, suores, aceleração do ritmo respiratório. No entanto, são incapazes de associar estas reacções corporais à emoção experienciada, como o medo, a irritação ou a surpresa.
Então, pode dizer-se que o cérebro é como se fosse um computador eficaz que analisa logicamente os prós e os contras de cada acção possível. No entanto, sem o auxílio das emoções, tomar decisões torna-se extremamente difícil.
Na maior parte das vezes, não temos consciência do papel que a emoção e os sentimentos têm em cada decisão que tomamos. Mas, se sabemos que uma reacção emocional excessiva pode turvar a razão, o desconhecimento das emoções pode levar-nos a dar passos falsos ou a mergulhar-nos num mar de dúvidas.
Contudo, é nas escolhas importantes que a falta de sentimentos pode estimular verdadeiros insucessos. Ora, não podemos escolher a casa na qual talvez vivamos muitos anos, baseando-nos apenas nas considerações absolutamente lógicas e racionais, pois saber que é adequada não é suficiente. O mesmo se pode dizer da escolha de um curso, da pessoa com a qual vamos casar ou de uma mudança de emprego.
Surpreso?
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
Como todos já ouvimos dizer, “o que é demais faz mal” e não seria diferente em relação às nossas relações interpessoais. A dependência emocional funciona da mesma forma que as outras dependências (álcool, drogas, comida, etc.) e, por isso, merece a mesma atenção.
Alguém dependente a nível emocional tem medo da liberdade e caracteriza-se por comportamentos submissos, falta de confiança, dificuldade em tomar decisões, dificuldade em expressar os seus pensamentos, medo da separação, de ser abandonado e, principalmente, da solidão. A dependência emocional não se manifesta apenas no comportamento afectivo, mas em todos os contextos vivenciais (sexual, profissional, social e económico).
A dependência pode surgir durante o período da infância, quando a criança não tem as suas necessidades emocionais satisfeitas. Assim, esta criança cresce com a sensação de vazio, que lhe falta algo e vai em busca desse algo que a complete. Pode fazê-lo nos relacionamentos, na comida, no sexo, nas drogas, etc. Por se sentir incompleta, poderá apresentar alguma tendência para ser um adulto com pouca auto-estima e com uma necessidade excessiva de aprovação pelos demais.
Na dependência emocional, por norma a pessoa é extremamente prestável, criando a falsa sensação de controlo nos seus relacionamentos.
Como em qualquer outra dependência, a recuperação é um desafio, pois aparentemente é mais fácil continuar a procurar a felicidade em factores externos do que construir recursos internos para preencher o vazio.
O primeiro passo é procurar ajuda. Partilhar com outras pessoas as suas dificuldades facilitará o processo de independência. Como tantas grandes caminhadas, todas elas começam com um pequeno passo.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
Como assim depressão e férias!? À primeira vista são duas palavras que não se relacionam! Quem nunca passou pela experiência de quase ter um ataque só de lembrar que as férias acabaram e vai começar tudo de novo?
O mal-estar e o desânimo aparecem quando a data de regresso ao trabalho se aproxima. Podem surgir insónias, ansiedade, tristeza e irritabilidade e os sintomas depressivos ocorrem.
A depressão pós férias não é mais do que uma depressão reactiva a um acontecimento desagradável. Voltar ao ritmo de trabalho é uma tarefa difícil para o nosso organismo, assim como desabituar-nos das obrigações laborais e do ritmo profissional acelerado.
É natural que, no início das férias, algumas pessoas experimentem nos primeiros dias sensações de ansiedade e angústia pela mudança de ritmo. O nosso cérebro e o nosso corpo precisam de tempo para adoptar outro ritmo de vida. O não ter horas para se levantar, as refeições em horários diferentes, o não sentir a pressão do telefone ou do chefe, são factores que levam algum tempo a serem interiorizados.
Da mesma forma, voltar ao ritmo de trabalho pode tornar-se angustiante nos primeiros dias ou, para alguns, esta angústia surge uns dias antes por antecipação daquilo que o espera, ou seja, a mudança de ritmo novamente.
Para que o regresso ao trabalho não seja algo tão penoso, deixo-lhe algumas estratégias para amenizar o regresso ao trabalho:
O regresso ao trabalho sem qualquer preparação pode causar uma extrema produção de cortisol (hormona do stresse), mudanças na taxa glicémica, alterações de pressão, tensão muscular, problemas digestivos, taquicardia e até desencadear um processo de depressão. Quando os sintomas se recusam a ir embora, então é porque algo não está bem. Podem persistir os sintomas de cansaço, insónia, irritabilidade, angústia ou tristeza e, nesta altura, é recomendado perceber junto de um profissional qual o problema.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
“Estou irritado. Fiquei indignado!” Tantas vezes experimentamos a raiva! Esta emoção não é mais do que a experiência da mágoa, podendo expressar-se de várias formas, como o ficar irritado, ressentido, indignado, incomodado ou amargurado. Perante tantas sensações negativas, podemos perguntar qual o papel da raiva na nossa vida.
Ora, a raiva é voltada para a ação, para a autodefesa, não se tratando, por isso, de uma emoção reflexiva como a ansiedade. Neste sentido, se a função da raiva é dar-nos energia para manifestar a mágoa quando ela está presente, ao negar as nossas emoções ficamos prejudicados, pois é como se passássemos a viver uma falsa realidade.
Sempre que experimentamos a raiva, repetimos o mesmo padrão: sofremos com um determinado acontecimento, adiamos a expressão da mágoa por um ou dois momentos e ficamos ressentidos por termos sido magoados. Quando tal acontece, refletimos sobre o momento, tentamos determinar o que aconteceu e decidimos o que fazer. Logo, é importante que a intensidade da raiva expressa seja adequada ao momento sofrido. Quando manifestado de maneira ineficaz, o ressentimento restante fica na “fila de espera” para ser exposto numa próxima oportunidade, quando muito provavelmente já existirá alguma raiva acumulada.
Sabemos que é comum que esta raiva contida seja libertada na hora errada, no lugar errado e sobre a pessoa errada. E como ela permanece não-resolvida, é como se você ficasse centrado nisso.
Mas, por que é tao comum inibirmos a expressão da raiva, uma vez que este é um sentimento natural? Os motivos são vários: medo de ser rejeitado, de admitir a própria vulnerabilidade, de ser mal compreendido, de alguém sair ferido, de perder o controlo, etc. Culturalmente, aprendemos também que não é bonito expressar a raiva em relação aos nossos pais ou a outras pessoas que devemos respeitar.
Por vezes, fica o sentimento de que ao admitir o sentimento de raiva perde-se a proteção das máscaras de indiferença. E além disso, o facto de admitir a vulnerabilidade pode parecer um risco grande demais para ser assumido.
Desenvolver a tao almejada liberdade emocional não é tarefa fácil, mas é preciso, acima de tudo, deixar que os sentimentos negativos como a dor, a raiva e a mágoa saiam do seu “mundo interior” com toda intensidade, até que se esgotem e desapareçam de vez.
Já pensou no que acontece quando nos permitimos sentir as emoções? Quando o fazemos ficamos conscientes de que elas nos pertencem, mas não fazem parte da nossa essência. Por outras palavras, nós não somos as nossas emoções, ou seja, podemos manifestar e deixá-las para mantermos o nosso verdadeiro “eu” inalterado.
Afinal, a raiva em si não é má, mas o acumular desta emoção é perigoso. Permita-se sentir a mágoa, uma vez que a rejeição, o desapontamento, a traição, a vergonha ou o fracasso aconteceram, apenas os torna pior se os evitar. Podemos dizer que começa a cuidar da sua saúde emocional quando admite a verdade da dor. Reconhecer as suas fraquezas dá-lhe um controlo real, não reforçando a tentativa de manter uma imagem de que você é sempre forte e perfeito.
Se alguém o magoou, expresse a sua mágoa no momento que achar adequado, respeite o seu “tempo interior”, procure sentir esta emoção, respire, mande embora o ressentimento. O ressentimento alimenta a sua raiva, além de o deixar preso ao outro. Reflita na possibilidade de perdoar a outra pessoa o mais cedo possível e finalmente esclareça que não está mais magoado, que a dor passou.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
"A música permite que a criança brinque, dentro de nós; que o monge dentro de nós reze, que o jovem dentro de nós dance e que o herói dentro de nós supere todos os obstáculos. ou quase todos" – Don Campell.
Alguma vez sentiu um friozinho na barriga enquanto ouvia determinada música ou mesmo um trecho dela; enquanto dançava uma balada romântica ou ainda quando ecoava os primeiros acordes do hino nacional?
Está comprovado que a música e as emoções podem caminhar juntas, porque os centros de prazer activados no cérebro (hipotálamo, por exemplo) são os mesmos que os estimulados quando comemos chocolate por exemplo.
A música, além de provocar fortes reacções emocionais, como o arrepio, o riso e as lágrimas, pode diminuir a resposta tanto física como psíquica ao stresse. Por outras palavras, a música pode provocar redução dos níveis de ansiedade, diminuição da pressão arterial e da frequência cardíaca, e modificações nos níveis de cortisol e adrenalina no sangue.
Quais são, então, os benefícios psicológicos da música? Estimular a comunicação entre as pessoas; aumentar a auto-estima e a auto-expressão (por exemplo, a dança); favorecer a catarse, a introspecção, a reflexão, o surgimento de recordações, de novas sensações e emoções que muitas vezes não podem ser expressas por meio da fala ou da linguagem verbal.
Sendo assim, diversos factores influenciam as nossas respostas fisiológicas e psíquicas frente à música: a capacidade particular de perceber e ouvir, a educação, a cultura, a situação social do momento...
Podemos dizer que a música é um tipo de comunicação que possui formas, regras e tempos diferentes dos da nossa fala por exemplo. A música é uma linguagem que tem a capacidade de transmitir com facilidade as emoções e os desejos mais íntimos ou até inconscientes.
E quantos de nós já utilizaram a música como um “ansiolítico”? Estou a falar-vos da "música de fundo", enquanto realizamos outras actividades, como estudar, trabalhar, cozinhar, conduzir enquanto estamos no meio do trânsito ou fazer um exercício físico.
Não há dúvida de que a música traz inúmeros benefícios a mente e corpo e, para desfrutá-los, basta somente deixar-se invadir por diferentes sons, quer seja da natureza, como o canto de um pássaro, ou de uma sinfonia de Mozart.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
Consegue lembrar-se de como era fazer um discurso na escola em frente à turma inteira ou quando entra numa sala cheia de pessoas que lhe são desconhecidas e tem a sensação que todos estão a observá-lo? Provavelmente a sua boca ficou seca, sentiu-se agitado e com uma sensação de borboletas no estômago, enquanto o seu coração foi batendo cada vez mais rápido.
Quer sejamos introvertidos ou extrovertidos, todos nós podemos experienciar este sentimento de timidez em algum momento das nossas vidas. Socialmente ou culturalmente, construiu-se a ideia de que só os introvertidos vivem a experiência da timidez, mas não é verdade.
A timidez está relacionada com o à vontade consigo mesmo, especialmente quando se depara com situações sociais. Talvez hesite em fazer um telefonema ou abordar alguém para pedir uma orientação. Por vezes, estas hesitações podem prejudicar mais do que ajudá-lo. Começa-se a evitar algumas situações, evitam-se lugares, evitam-se constrangimentos, pode até evitar defender a sua opinião por receio do confronto e da exposição.
O que é a timidez?
A timidez está enraizada no medo, num medo irracional de falar e ser humilhado ou ignorado. Porque é que muitos de nós têm tanto medo de falar ou de se expor? Existem alguns factores que podem estar na base deste medo, como a hipersensibilidade, a insegurança, a ausência de habilidades sociais ou o perfeccionismo.
Todos nós sentimos timidez de formas diferentes e em graus variados. No entanto, existem algumas razões que podem estar na origem da timidez que nos prejudica:
Fraca auto-imagem: quando existiram certas experiências negativas de afronta ou diminuição de si mesmo no passado, pode levar à criação de uma crença negativa de que as qualidades pessoais não eram interessantes ou dignas de admiração. Provavelmente esforçou-se por ser como as outras pessoas (crianças/jovens), resultando num sentimento pejorativo acerca de si mesmo afectando-lhe a auto-estima e a auto-confiança.
Preocupação consigo mesmo: algumas pessoas quando se encontram rodeadas por outras tornam-se extremamente sensíveis ao que estão a fazer, como se estivessem no centro do palco. É uma situação que cria bastante ansiedade e surge um comportamento de vigilância a tudo o que fazem, ou seja, fica-se com a atenção auto-centrada: “o que estou a fazer de errado?”. Este comportamento pode causar uma espiral de negativismo.
Rotulagem: Quando nos rotulamos como uma pessoa tímida, psicologicamente sentimo-nos inclinados a viver de acordo com essas expectativas. Podemos dizer a nós mesmos: “eu sou uma pessoa tímida. É como eu sou, e este é o modo como as coisas são.” Quando rotulamos algo, existe a tendência a viver de acordo com as expectativas desta rotulagem.
E como lidar com a timidez?
Compreendê-la. Procure compreender como é que a sua timidez se manifesta na sua vida. Com que frequência? Compreender os acontecimentos e estímulos que provocam essa sensação. E em que grau lhe causa incómodo ou prejudica o seu dia-adia?
Transforme a autoconsciência em autoconhecimento. Reconheça e perceba que as outras pessoas não estão necessariamente a olhar para si. Ao invés de olhar para si pelos olhos dos outros, transporte essa consciência para dentro de si. Tome consciência daquilo que faz e alimenta a sua timidez. Procure dentro de si que tipo de pensamentos, atitudes e crenças tem que possam estar a funcionar como combustível para essa sensação de acanhamento social.
A psicoterapia é, sem dúvida, uma aliada nesta caminhada do autoconhecimento. Assim como o autoconhecimento, o desenvolvimento da autoconsciência é também um factor determinante para qualquer mudança ou melhoria na qualidade de vida.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
Tantas vezes nos passa pela cabeça “Hoje vou deitar-me cedo… Tenho de dormir mais… Hoje talvez tenha de tomar aquele comprimido para me ajudar a descansar…”
De facto, o sono é um elemento imprescindível na nossa saúde física e mental, pois precisamos dele também para regular as hormonas, controlar o apetite e aprender.
Mas afinal que impacto tem o sono na nossa vida? Além de o sono ser essencial para regular a produção de hormonas, também contribui para regeneração das nossas células e até para o funcionamento do sistema imunológico. Quando passamos muito tempo sem descansar, temos dificuldades em consolidar a memória a curto prazo e o nosso estado de alerta diminui, o que faz com que tenhamos mais possibilidades de ter um acidente, por exemplo. E, com isto, facilmente percebemos a importância de um bom descanso no processo de qualquer aprendizagem. Como se não bastasse, quando nos privamos do descanso nocturno também temos mais fome, logo, mais hipóteses de engordar.
Existe um estudo europeu no qual 28% dos portugueses dizem dormir mal pelo menos três vezes por semana. A insónia é o sintoma que leva mais pessoas a procurarem ajuda especializada, em particular, as mulheres. Os homens queixam-se mais de sonolência excessiva, própria da apneia do sono.
Sabemos que é muito comum a prescrição de medicação para dormir. No entanto, a maioria causa habituação e tolerância, ou seja, passamos a ter necessidade de aumentar a dose para termos o mesmo efeito.
O que é, então, um bom sono? Conseguimos dizer “dormi bem” quando conseguimos a qualidade e quantidade de horas necessárias para ter um bom nível de vigília durante o dia, sem sonolência ou cansaço, e acordamos como novos! Para os adultos, sete ou oito horas são suficientes. No entanto, há pessoas que ficam bem com cinco e outras que precisam de dez. Por isso, não se pode dizer que exista um padrão fixo. O despertar a meio da noite também tem a sua importância na qualidade do nosso sono, ou seja, o despertar uma vez por noite, para ir à casa de banho, é normal para um adulto. Contudo, se isso acontecer várias vezes por noite poderá ser um sintoma de apneia, apesar de, muitas vezes, se diagnosticarem erradamente como problemas urinários.
Muitos sonhos = noite mal dormida?
Não. Se sonhamos é porque estávamos a dormir, certo? O nosso sono é constituído por cinco fases que passam pelos níveis 1, 2, 3, 4 e R.E.M. (Rapid Eye Movement ou Movimento Rápido Ocular). Esta última é a fase mais profunda do sono, aquela onde temos os sonhos mais intensos. Cada um destes ciclos tem cerca de 90 minutos, o que quer dizer que de hora e meia em hora e meia sonhamos.
Como, normalmente, sonhamos mais de madrugada ou de manhã lembramo-nos mais do que sonhamos. Se acordarmos a meio de um sonho intenso e não o contarmos a alguém ou não o escrevermos, é natural que nos esqueçamos dele ao longo do dia. O nosso cérebro apaga naturalmente os sonhos. Todos nós sonhamos. Quando temos a sensação que não sonhamos pode querer dizer que tivemos um sono bem profundo com poucos despertares. Por isso, sonhar é bom, é normal e saudável!
10 dicas para dormir bem
Se tem dificuldade em adormecer, partilhamos consigo algumas dicas que o podem ajudar:
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
A preocupação, tão presente no nosso dia-a-dia, é a forma que a nossa mente utiliza para ensaiar diferentes vias de solução perante possíveis perigos.
É claro que a preocupação é-nos útil, enquanto conservar uma relação lógica com as situações que vivemos. No entanto, se ela se torna em algo persistente e permanente, que aparece em situações que não apresentam qualquer perigo real, acarreta sérios problemas. Isto porque nos mantém num estado de ansiedade permanente. É uma sensação de inquietação constante, na qual está presente a ansiedade como resposta fisiológica, ou seja, é como se nos apercebêssemos de um grande risco mesmo quando não há nada no exterior que nos indique a sua existência.
Alguns de nós convive permanentemente com a angústia, o que nos impede de aproveitar até os acontecimentos mais elementares da vida, já que estamos sempre preocupados e limitados nas nossas actuações. Como é lógico, este estado não nos deixa viver outras emoções agradáveis, reconfortantes e positivas.
Quando a preocupação é excessiva utilizamos uma grande parte das nossas energias mentais, pois estamos constantemente a ensaiar, uma e outra vez, diferentes soluções para resolver o que nos inquieta. Assim, diante desta agitação é quase impossível concentrarmo-nos noutras coisas. Este desgaste físico e mental pode conduzir a patologias mais graves como as fobias, as compulsões ou os ataques de pânico.
O ciclo da preocupação
Penso que todos nós já experienciámos de alguma forma o ciclo da preocupação: começa com uma conversa interna que salta de uma ideia para outra aumentando com cada uma delas o grau de ansiedade.
Muitas vezes, depois de sofrer um percalço, dizemos “Agora só me faltava mais esta…” Esta frase é um exemplo do início do ciclo da preocupação. Com ela começamos a imaginar futuros e hipotéticos perigos que, muitas vezes, nada têm a ver com a situação desagradável ou perigosa que enfrentamos.
Sabemos à partida que o ciclo da preocupação não nos ajuda a solucionar qualquer tipo de problemas. Contudo, quando acontece entregarmo-nos a ele, sentimos que por nos preocuparmos conseguimos evitar as dificuldades. É como se o hábito funcionasse como uma espécie de talismã que nos livra de futuras desgraças.
No entanto, uma das vantagens que a preocupação nos pode proporcionar é o facto de notarmos com a menor intensidade a ansiedade. Uma pessoa preocupada está tão focada e centrada em solucionar os problemas, que muitas vezes não repara nos sintomas da ansiedade: taquicardia, suores, tremores, etc.
O primeiro alarme toca perante uma dificuldade gerada, normalmente, por um pequeno contratempo. Às vezes nem sequer percebemos o que nos causou o estado de alerta. Com este alarme, existe um moderado ataque de ansiedade que provoca mudanças fisiológicas no nosso organismo. Pode sentir-se um leve desassossego, uma inquietação. Este estado emocional, no qual há uma quantidade de hormonas a circular pela corrente sanguínea, gera um estado de tensão que, por sua vez, despoleta novas preocupações.
Finalmente, a nossa atenção fica totalmente centrada nas preocupações que vão sucedendo. O objectivo deste encadeamento de preocupações é diluir o alarme inicial, o qual julgamos não poder enfrentar, em vez de nos empenharmos na resolução do problema que iniciou o ciclo. E como compensação, a ansiedade diminui.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
A preocupação, tão presente no nosso dia-a-dia, é a forma que a nossa mente utiliza para ensaiar diferentes vias de solução perante possíveis perigos.
É claro que a preocupação é-nos útil, enquanto conservar uma relação lógica com as situações que vivemos. No entanto, se ela se torna em algo persistente e permanente, que aparece em situações que não apresentam qualquer perigo real, acarreta sérios problemas. Isto porque nos mantém num estado de ansiedade permanente. É uma sensação de inquietação constante, na qual está presente a ansiedade como resposta fisiológica, ou seja, é como se nos apercebêssemos de um grande risco mesmo quando não há nada no exterior que nos indique a sua existência.
Alguns de nós convive permanentemente com a angústia, o que nos impede de aproveitar até os acontecimentos mais elementares da vida, já que estamos sempre preocupados e limitados nas nossas actuações. Como é lógico, este estado não nos deixa viver outras emoções agradáveis, reconfortantes e positivas.
Quando a preocupação é excessiva utilizamos uma grande parte das nossas energias mentais, pois estamos constantemente a ensaiar, uma e outra vez, diferentes soluções para resolver o que nos inquieta. Assim, diante desta agitação é quase impossível concentrarmo-nos noutras coisas. Este desgaste físico e mental pode conduzir a patologias mais graves como as fobias, as compulsões ou os ataques de pânico.
O ciclo da preocupação
Penso que todos nós já experienciámos de alguma forma o ciclo da preocupação: começa com uma conversa interna que salta de uma ideia para outra aumentando com cada uma delas o grau de ansiedade.
Muitas vezes, depois de sofrer um percalço, dizemos “Agora só me faltava mais esta…” Esta frase é um exemplo do início do ciclo da preocupação. Com ela começamos a imaginar futuros e hipotéticos perigos que, muitas vezes, nada têm a ver com a situação desagradável ou perigosa que enfrentamos.
Sabemos à partida que o ciclo da preocupação não nos ajuda a solucionar qualquer tipo de problemas. Contudo, quando acontece entregarmo-nos a ele, sentimos que por nos preocuparmos conseguimos evitar as dificuldades. É como se o hábito funcionasse como uma espécie de talismã que nos livra de futuras desgraças.
No entanto, uma das vantagens que a preocupação nos pode proporcionar é o facto de notarmos com a menor intensidade a ansiedade. Uma pessoa preocupada está tão focada e centrada em solucionar os problemas, que muitas vezes não repara nos sintomas da ansiedade: taquicardia, suores, tremores, etc.
O primeiro alarme toca perante uma dificuldade gerada, normalmente, por um pequeno contratempo. Às vezes nem sequer percebemos o que nos causou o estado de alerta. Com este alarme, existe um moderado ataque de ansiedade que provoca mudanças fisiológicas no nosso organismo. Pode sentir-se um leve desassossego, uma inquietação. Este estado emocional, no qual há uma quantidade de hormonas a circular pela corrente sanguínea, gera um estado de tensão que, por sua vez, despoleta novas preocupações.
Finalmente, a nossa atenção fica totalmente centrada nas preocupações que vão sucedendo. O objectivo deste encadeamento de preocupações é diluir o alarme inicial, o qual julgamos não poder enfrentar, em vez de nos empenharmos na resolução do problema que iniciou o ciclo. E como compensação, a ansiedade diminui.