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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Cristiana Santos
Psicóloga Clínica
Morrer é algo assustador para a maioria de nós seres humanos. A ideia de que é o fim, de que a perda é irreversível, e a sensação de ausência de controlo sobre seja o que for que concerne à morte, angustia-nos… a todos!
Então como podemos viver em paz com a ideia da morte?
Proponho que comecemos por simplesmente viver. Se eu for ao cinema e passar o filme todo a pensar como vai acabar, perderei toda a emoção da trama. O mesmo se passa na nossa vida. Se ficarmos centrados na sua parte final, então não a saboreamos. Como podemos sentir falta de algo que não experienciamos? Temos de trazer a nossa mente consciente para o momento presente, aquele em que estamos e sobre o qual temos a responsabilidade de fazer o melhor possível. Experienciar a vida é preparar a morte em paz.
Mas como podemos lidar com a perda daqueles que nos são mais queridos?
A resposta a esta questão não é a fórmula mágica que me vai permitir passar pela experiência sem dor, mas uma simples verdade: aceitando e sentindo.
A experiência de perda só traz dor quando as emoções que nos ligam são positivas. Nunca sentirei a falta de alguém que me fez infeliz. Apenas sentirei a dor da perda daqueles que foram significativos para mim. Então, quando não mais vir essa pessoa, claro que irei sofrer. Claro que ficarei angustiada. Mas ainda bem que assim é! Significa que esse alguém foi importante para mim e a sua ausência é sentida. Tentarei, o melhor que puder, sentir essa dor e aceitá-la. Tal como aceitarei quando a dor começar a diminuir e lentamente me deixar. Sim, porque por mais intensa que seja essa dor, ela irá sempre diminuir. Porque é assim mesmo com tudo na vida: um início, um meio e um fim.
E quando deixar de doer significa que esqueci a pessoa?
A diminuição da dor não é sinónimo de esquecimento ou de menos amor pela pessoa ausente. Significa que a ferida está a cicatrizar e que estaremos em condições de celebrar e manter na nossa mente as memórias positivas daquele/a com quem partilhamos uma parte de nós. Pois para me lembrar de alguém importante, não preciso do sofrimento.
Assim, uma chave para lidar com a morte é através de um trabalho no sentido da aceitação da sua inevitabilidade, e do constante foco no momento presente.