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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Joana Florindo
Psicóloga Clínica
A menopausa, por definição, traduz o fim da capacidade reprodutora feminina, com a cessação da produção hormonal nos ovários e a consequente extinção da menstruação. Sendo a última etapa do climatério, encerra um período de modificações no ciclo menstrual, que embora possa manifestar-se de forma distinta de mulher para mulher, conduz em todas elas uma série de sintomas e importantes transformações físicas e psicológicas. Estas, sentidas com maior ou menor intensidade e duração, representam novidade e mudança na vida da mulher, assim como na vida de com quem ela vive, e requerem como tal, ser conhecidas por todos, para melhor poderem ser integradas e vividas.
Os “calores súbitos” ou “afrontamentos” são possivelmente os sintomas mais frequentemente descritos, e surgem com maior frequência durante o primeiro ano após a última menstruação. São relatados como “ondas de calor inesperadas e repentinas”, geralmente acompanhadas por um rubor da pele do rosto, pescoço e peito e por uma desconfortável sensação de suor e transpiração. Podem ser bastante inquietantes, interferindo com o sono do casal quando ocorrem durante a noite
A nível sexual, a “diminuição do desejo” ou o “desinteresse” apresentam-se como as queixas mais escutadas em consulta, sendo amplo motivo de sofrimento e mal-estar para o casal. Estas queixas, na sua maioria, encontram proveniência nas alterações físicas e fisiológicas que ocorrem durante e após a menopausa. Ora vejamos:
Secura vaginal – Devido a uma baixa capacidade de lubrificação, consequente da diminuição da produção hormonal, a secura vaginal leva a que as relações sexuais possam ser muito incómodas, ou mesmo bastante dolorosas para a mulher, podendo até em algumas situações provocar sangramentos. Associado à secura, ocorre ainda a diminuição do espessamento das paredes vaginais, podendo intensificar a dor sentida. O sexo passa a ser sinónimo de dor, o que faz com que seja evitado a todo o custo.
Alterações de Humor – Em consequência das alterações hormonais, a ansiedade, a irritabilidade e mesmo a depressão são companheiras habituais da mulher em menopausa. Estas acabam por interferir com a disponibilidade emocional que a mulher tem para se envolver sexualmente, assim como com o seu desejo.
Muitas mulheres, nesta fase das suas vidas, encontram-se deprimidas e a tomar medicação anti-depressiva, o que pode asfixiar ainda mais o seu desejo sexual.
Auto-imagem – Sabendo que a auto-imagem é um factor determinante no bem-estar da mulher, não é de espantar que tenha uma interferência tão importante no seu desejo sexual. Ela encontra-se numa distinta fase da sua vida, num período claro de transformações que ocorrem naturalmente e para lá do seu controlo, e que exigem muito de si. As alterações corporais como o aumento de peso, a possível incontinência, a perda de elasticidade da pele, entre tantas outras, afectam amplamente a forma como ela se vê e se sente a nível sexual. Não se sentido bem com o seu corpo em mudança, evita qualquer tipo de exposição, acabando por não se conseguir entregar sexualmente. O desejo sexual acaba assim por ser comprometido.
Embora se assumam como agentes condicionantes do desejo sexual, os factores mencionados não devem ditar o fim de uma vivência sexual satisfatória. Existem, nos dias de hoje, inúmeras respostas que podem ajudar a mulher e/ou o casal a superar estas dificuldades. Um acompanhamento médico e psicológico imediato e próximo, ajustado às necessidades particulares de cada caso, poderá ajudar a obter uma vivência sexual mais satisfatória.