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Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
E-mail recebido
Boa tarde,
Ultimamente apetece-me isolar, não me apetece falar com ninguém, e quando estou a falar com alguém não consigo encarar a pessoa, faltam-me as palavras, estou preocupado, até porque a minha actividade profissional me obriga a falar e a conviver. O que devo fazer?
P.D.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
A preocupação, tão presente no nosso dia-a-dia, é a forma que a nossa mente utiliza para ensaiar diferentes vias de solução perante possíveis perigos.
É claro que a preocupação é-nos útil, enquanto conservar uma relação lógica com as situações que vivemos. No entanto, se ela se torna em algo persistente e permanente, que aparece em situações que não apresentam qualquer perigo real, acarreta sérios problemas. Isto porque nos mantém num estado de ansiedade permanente. É uma sensação de inquietação constante, na qual está presente a ansiedade como resposta fisiológica, ou seja, é como se nos apercebêssemos de um grande risco mesmo quando não há nada no exterior que nos indique a sua existência.
Alguns de nós convive permanentemente com a angústia, o que nos impede de aproveitar até os acontecimentos mais elementares da vida, já que estamos sempre preocupados e limitados nas nossas actuações. Como é lógico, este estado não nos deixa viver outras emoções agradáveis, reconfortantes e positivas.
Quando a preocupação é excessiva utilizamos uma grande parte das nossas energias mentais, pois estamos constantemente a ensaiar, uma e outra vez, diferentes soluções para resolver o que nos inquieta. Assim, diante desta agitação é quase impossível concentrarmo-nos noutras coisas. Este desgaste físico e mental pode conduzir a patologias mais graves como as fobias, as compulsões ou os ataques de pânico.
O ciclo da preocupação
Penso que todos nós já experienciámos de alguma forma o ciclo da preocupação: começa com uma conversa interna que salta de uma ideia para outra aumentando com cada uma delas o grau de ansiedade.
Muitas vezes, depois de sofrer um percalço, dizemos “Agora só me faltava mais esta…” Esta frase é um exemplo do início do ciclo da preocupação. Com ela começamos a imaginar futuros e hipotéticos perigos que, muitas vezes, nada têm a ver com a situação desagradável ou perigosa que enfrentamos.
Sabemos à partida que o ciclo da preocupação não nos ajuda a solucionar qualquer tipo de problemas. Contudo, quando acontece entregarmo-nos a ele, sentimos que por nos preocuparmos conseguimos evitar as dificuldades. É como se o hábito funcionasse como uma espécie de talismã que nos livra de futuras desgraças.
No entanto, uma das vantagens que a preocupação nos pode proporcionar é o facto de notarmos com a menor intensidade a ansiedade. Uma pessoa preocupada está tão focada e centrada em solucionar os problemas, que muitas vezes não repara nos sintomas da ansiedade: taquicardia, suores, tremores, etc.
O primeiro alarme toca perante uma dificuldade gerada, normalmente, por um pequeno contratempo. Às vezes nem sequer percebemos o que nos causou o estado de alerta. Com este alarme, existe um moderado ataque de ansiedade que provoca mudanças fisiológicas no nosso organismo. Pode sentir-se um leve desassossego, uma inquietação. Este estado emocional, no qual há uma quantidade de hormonas a circular pela corrente sanguínea, gera um estado de tensão que, por sua vez, despoleta novas preocupações.
Finalmente, a nossa atenção fica totalmente centrada nas preocupações que vão sucedendo. O objectivo deste encadeamento de preocupações é diluir o alarme inicial, o qual julgamos não poder enfrentar, em vez de nos empenharmos na resolução do problema que iniciou o ciclo. E como compensação, a ansiedade diminui.
Autora: Cristiana Pereira
Psicóloga Clínica
A preocupação, tão presente no nosso dia-a-dia, é a forma que a nossa mente utiliza para ensaiar diferentes vias de solução perante possíveis perigos.
É claro que a preocupação é-nos útil, enquanto conservar uma relação lógica com as situações que vivemos. No entanto, se ela se torna em algo persistente e permanente, que aparece em situações que não apresentam qualquer perigo real, acarreta sérios problemas. Isto porque nos mantém num estado de ansiedade permanente. É uma sensação de inquietação constante, na qual está presente a ansiedade como resposta fisiológica, ou seja, é como se nos apercebêssemos de um grande risco mesmo quando não há nada no exterior que nos indique a sua existência.
Alguns de nós convive permanentemente com a angústia, o que nos impede de aproveitar até os acontecimentos mais elementares da vida, já que estamos sempre preocupados e limitados nas nossas actuações. Como é lógico, este estado não nos deixa viver outras emoções agradáveis, reconfortantes e positivas.
Quando a preocupação é excessiva utilizamos uma grande parte das nossas energias mentais, pois estamos constantemente a ensaiar, uma e outra vez, diferentes soluções para resolver o que nos inquieta. Assim, diante desta agitação é quase impossível concentrarmo-nos noutras coisas. Este desgaste físico e mental pode conduzir a patologias mais graves como as fobias, as compulsões ou os ataques de pânico.
O ciclo da preocupação
Penso que todos nós já experienciámos de alguma forma o ciclo da preocupação: começa com uma conversa interna que salta de uma ideia para outra aumentando com cada uma delas o grau de ansiedade.
Muitas vezes, depois de sofrer um percalço, dizemos “Agora só me faltava mais esta…” Esta frase é um exemplo do início do ciclo da preocupação. Com ela começamos a imaginar futuros e hipotéticos perigos que, muitas vezes, nada têm a ver com a situação desagradável ou perigosa que enfrentamos.
Sabemos à partida que o ciclo da preocupação não nos ajuda a solucionar qualquer tipo de problemas. Contudo, quando acontece entregarmo-nos a ele, sentimos que por nos preocuparmos conseguimos evitar as dificuldades. É como se o hábito funcionasse como uma espécie de talismã que nos livra de futuras desgraças.
No entanto, uma das vantagens que a preocupação nos pode proporcionar é o facto de notarmos com a menor intensidade a ansiedade. Uma pessoa preocupada está tão focada e centrada em solucionar os problemas, que muitas vezes não repara nos sintomas da ansiedade: taquicardia, suores, tremores, etc.
O primeiro alarme toca perante uma dificuldade gerada, normalmente, por um pequeno contratempo. Às vezes nem sequer percebemos o que nos causou o estado de alerta. Com este alarme, existe um moderado ataque de ansiedade que provoca mudanças fisiológicas no nosso organismo. Pode sentir-se um leve desassossego, uma inquietação. Este estado emocional, no qual há uma quantidade de hormonas a circular pela corrente sanguínea, gera um estado de tensão que, por sua vez, despoleta novas preocupações.
Finalmente, a nossa atenção fica totalmente centrada nas preocupações que vão sucedendo. O objectivo deste encadeamento de preocupações é diluir o alarme inicial, o qual julgamos não poder enfrentar, em vez de nos empenharmos na resolução do problema que iniciou o ciclo. E como compensação, a ansiedade diminui.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
A preocupação é uma tentativa de resolver um problema, seja procurando maximizar os bons resultados ou minimizando o impacto dos efeitos negativos, o que permite aumentar a sensação de previsibilidade e de controle face ao desconhecido e/ou inesperado.
A preocupação é algo que todos sentimos, em particular quando nos confrontamos com situações de stress, há contudo pessoas que apresentam níveis excessivos de preocupação, isto é que pela sua intensidade e dificuldade de controlar, interferem com a qualidade de vida e com a sensação de satisfação perante a vida, ao mesmo tempo que têm um impacto negativo em múltiplas áreas da vida da pessoa, quer seja a nível profissional, familiar ou pessoal.
É importante conhecermos os nossos stressores, isto é aquilo que nos pode fazer iniciar um ciclo de preocupação para mais facilmente e de acordo com as diversas circunstâncias do dia-a-dia sermos capazes de antecipar quando poderão surgir. O simples facto de sabermos que os mesmos vão ocorrer permite-nos encarar o que vem a seguir com uma maior sensação de controle, ao mesmo tempo que possibilita que nos prepararemos “para a maratona”. Tal como na fábula da formiga e da cigarra, em que a primeira se prepara para o inverno recolhendo alimentos para os momentos de escassez, também nós podemos criar “músculo e endurance” para os tempos difíceis, assumindo uma atitude preventiva.
O que podemos fazer antes dos problemas surgirem? Podemos começar por aprender a diminuir os nossos níveis de ansiedade, quer aprendendo a relaxar quer por intermédio da prática regular de exercício físico. Igualmente importante, é aprender a bem dormir para que possamos ter acesso a uma noite de sono reparadora – também o sono se prepara, mas em adultos esquecemos isso frequentemente, por exemplo é assim habitual continuarmos a envolvermo-nos em actividades e afazeres diversos até o momento de ir para a cama, como se o nosso cerebro de repente fosse capaz de desligar, como um qualquer interruptor. Também nas ocasiões que precedem o stress particular atenção deve ser dada “aos mimos” que podemos dar a nós mesmos, estamos a falar de coisas tão simples como tomar um banho de imersão ou sentar no sofá a ouvir aquela música que nos tranquiliza e transporta para um momento zen. Os mimos enchem a nossa vida de sensações poderosas de bem estar, capazes de funcionar como verdadeiros anti-stress naturais.
Autora: Isabel Policarpo
Psicóloga Clínica
Sempre que estamos com um problema, isto é com uma situação em relação à qual prevemos um desfecho potencialmente negativo, sentimos desconforto e ansiedade e uma das primeiras estratégias que utilizamos para fazer face a essa circunstância é através da preocupação.
A preocupação é uma actividade iminentemente cognitiva que permite identificar ameaças potenciais e activar a resolução de problemas quer através da construção de cenários, quer através do equacionar de hipóteses e/ou soluções alternativas.
A preocupação surge assim como uma tentativa de maximizar os bons resultados e de minimizar o impacto dos efeitos negativos, ou seja de reduzir a imprevisibilidade e simultaneamente aumentar a sensação de controle face ao desconhecido e/ou inesperado.
Será que toda a preocupação é útil e desejável? Quando é que a preocupação deixa de ser funcional para passar a ser disfuncional?
É importante ter a noção de que estamos a falar de um continuum entre o “normal” e o “patológico” e não numa situação em que há pessoas que não se preocupam e outras que se preocupam. Todos nós temos algum nível de preocupação, a diferença está na quantidade e na capacidade de controlar a preocupação, isto é para lá de um determinado limite ela é disfuncional e perturbadora do funcionamento normal e regular da pessoa.