Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Este consultório da Oficina de Psicologia tem por objectivo apoiá-lo(a) nas suas questões sobre saúde mental, da forma mais directa possível. Coloque-nos as suas dúvidas e questões sobre aquilo que se passa consigo.
Autora: Sandra Duarte
Psicóloga Clínica
Numa conversa entre duas amigas:
- Ontem esqueci-me de te enviar a morada do médico – disse a Ana desiludida.
- Não te preocupes – diz a Bárbara.
- Ficaste zangada? Era importante para ti – questionou a Ana.
- Não, não fiquei. Estás desculpada amiga – disse calmamente a Bárbara.
Estas amigas entenderam-se sobre um simples compromisso que ambas tinham feito. Mas mesmo assim pode ter existido alguma dificuldade no reconhecimento das emoções que uma e outra estavam a demostrar. Por exemplo a zanga, que foi questionada pela amiga A. Será que a expressão facial de cada uma das amigas estava em harmonia com o conteúdo que estavam a verbalizar, o seu tom de voz e postura corporal?
Para Ellis e Singh (1998), desde bebés que os seres humanos começam a ler mensagens emocionais expressas nas faces humanas, primordialmente das suas mães. À medida que vão crescendo e transpondo as fases da vida que se apresentam, aprendem diferentes noções das emoções. Na esfera afectiva, vai-se interiorizando que o sucesso das relações interpessoais depende, em larga escala, do modo como se percepciona correctamente o efeito que a informação que se está a transmitir/comunicar tem no outro (receptor), através da observação e interpretação da expressão facial do receptor da mensagem.
Mas como é que se faz essa percepção? Neste exemplo de comunicação interpessoal, visualiza-se que consoante a contracção ou a extensão de um determinado músculo da configuração da face em detrimento de outro, significa que uma emoção particular está a ser expressa. Assim uma pessoa tem a capacidade de distinguir uma face triste de uma alegre ou uma zangada de uma surpreendida.
Sem dúvida que não é assim tão simples. Existe uma enorme variabilidade humana, pois algumas pessoas reconhecem expressões faciais de emoção melhor do que outras pessoas, ou reconhecem expressões faciais do tipo alegre melhor do que a zangada. Geralmente as pessoas conseguem interpretar correctamente as mensagens emocionais, sendo que, de acordo com Ellis e Singh (1998), a maioria reconhece correctamente emoções pelas expressões faciais do outro, em pelo menos 80% das situações em que se encontram em interacções interpessoais.
Destaca-se que as dificuldades humanas no correcto reconhecimento das seis expressões faciais básicas das emoções (felicidade, medo, nojo, raiva, surpresa e tristeza), segundo as autoras podem estar associadas a problemáticas de perturbações de humor, autismo, esquizofrenia, entre outros. Neste tipo de patologias pode-se confirmar o que Shean, Bell e Cameron (2007) defendem, que a dificuldade para percepcionar correctamente expressões emocionais está relacionada, no âmbito interpessoal, com a desconfiança, a falta de relações de amizade, de intimidade ou isolamento. O facto das expressões faciais manifestadas continuadamente, serem ou não adequadas ao contexto comunicacional, verbal ou não-verbal é o factor-chave (Wolf et al, 2006).
Se sente esta dificuldade relacional no reconhecimento de emoções, venha saber mais sobre a criação de um vínculo relacional, a importância da interactividade de afectos entre as pessoas, a sua exteriorização pelas expressões faciais, de forma a conseguirem estabelecer esse elo de ligação.